
Parece que a tempestade comercial que todo mundo temia finalmente chegou — e com força total. As novas tarifas impostas pelo governo Trump estão pegando pesado justamente em setores onde o Brasil mais exporta para os Estados Unidos. E olha, a situação é séria.
Madeira, móveis e mineração. Esses três setores — que movimentam bilhões e sustentam milhares de empregos — agora enfrentam barreiras que podem mudar completamente o jogo comercial entre os dois países.
Os números que preocupam
Vamos falar de dinheiro de verdade: só no primeiro semestre deste ano, o Brasil exportou mais de US$ 1,1 bilhão em produtos de base florestal para os americanos. É dinheiro que circula, emprega, desenvolve regiões inteiras. E agora?
A tarifa de 10% sobre a madeira em tora e serrada — que antes entrava livre — pode simplesmente inviabilizar boa parte desse comércio. Quem vai pagar essa conta? As empresas brasileiras, é claro, que terão que reduzir margens já apertadas ou perder mercados conquistados a duras penas.
O setor moveleiro na corda bamba
Os móveis brasileiros, que vinham conquistando espaço pelo design diferenciado e qualidade das matérias-primas, agora enfrentam uma barreira de 25%. Vinte e cinco por cento! Isso não é apenas um obstáculo — é praticamente um muro.
"Estamos entre a cruz e a espada", me confessou um empresário do setor que prefere não se identificar. "Ou repassamos o aumento e perdemos competitividade, ou engolimos o prejuízo e sangramos até não aguentar mais."
A situação é tão absurda que chega a dar raiva. Empresas que investiram pesado em certificações ambientais, em processos sustentáveis, em design inovador — tudo para atender um mercado exigente — agora se veem penalizadas por decisões que pouco têm a ver com mérito comercial.
E a mineração? Ah, essa também...
Não pense que o setor extrativista escapou ileso. Minérios de ferro, manganês e outros produtos estratégicos também foram incluídos na lista — com tarifas que variam entre 10% e 25%, dependendo do produto.
O que mais me preocupa aqui é o efeito cascata. Esses minérios alimentam indústrias americanas que, por sua vez, produzem para o mundo todo. No fim, todo mundo perde: os produtores brasileiros, as indústrias americanas e os consumidores finais.
E agora, José?
As alternativas são poucas e doloridas. Algumas empresas já falam em:
- Diversificar para outros mercados — mas isso leva tempo e custa caro
- Absorver parte dos custos — o que significa menos investimento e, possivelmente, demissões
- Repassar para o preço — e torcer para o consumidor americano continuar comprando
Nenhuma dessas opções é boa, convenhamos. É como escolher entre pular de um prédio de 10 ou 20 andares — o resultado final é similar.
O pior de tudo é que essa guerra comercial não tem vencedores claros. Os EUA podem até arrecadar mais com as tarifas, mas suas indústrias pagarão mais por insumos e seus consumidores por produtos finais. E nós, brasileiros, perdemos mercados consolidados e oportunidades de crescimento.
Parece aquela briga de casal onde todo mundo sai machucado — só que, neste caso, estamos falando de economias inteiras e milhares de empregos em jogo.
Enquanto isso, nos escritórios de comércio exterior de São Paulo, Curitiba e outras capitais, a pergunta que não quer calar: quanto tempo essa tempestade vai durar? E quantas empresas conseguirão sobreviver até ela passar?
Uma coisa é certa: o comércio internacional nunca mais será o mesmo depois disso. E o Brasil — que sempre se viu como um player global confiável — agora precisa repensar sua estratégia diante de um mundo cada vez mais protecionista.
Difícil, muito difícil. Mas, como diz o velho ditado, é na crise que surgem as oportunidades. Resta saber quem terá fôlego para encontrá-las.