Afastamento histórico na Câmara de Ribeirão Preto
O vereador Roger Ronan da Silva, conhecido como Bigodini (MDB), foi afastado do mandato por 180 dias corridos e sem remuneração após decisão da Câmara Municipal de Ribeirão Preto. A votação histórica ocorreu com 19 votos favoráveis entre os 20 vereadores presentes, seguindo parecer do Conselho de Ética que analisava processo de cassação do parlamentar.
Denúncia do Ministério Público e tentativa frustrada de acordo
O Ministério Público (MP) denunciou à Justiça o vereador Bigodini e sua namorada, Isabela de Cássia, por crimes relacionados ao acidente de trânsito ocorrido em 28 de setembro na Avenida do Café. As investigações concluíram que o parlamentar mentiu ao afirmar que Isabela dirigia o veículo que colidiu com um poste.
O promotor Paulo César Souza Assef rejeitou pedido de Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) apresentado pela defesa de Bigodini. A negativa do MP manteve em curso o processo judicial contra o vereador, que responde por embriaguez ao volante com dano potencial para duas ou mais pessoas, falsidade ideológica e fraude processual.
Substituição e manobra política
Com o afastamento imediato de Bigodini, a primeira suplente Maria Eugênia Biffi (MDB) deveria assumir a vaga. Entretanto, ela pediu exoneração como secretária de Cultura e Turismo e deve solicitar licença da vereança para retornar ao cargo executivo. A manobra permite que Robson Vieira (MDB), segundo suplente de 36 anos, assuma efetivamente o mandato.
O processo de cassação teve início após requerimento do jornalista Rodrigo Leone da Silva, protocolado na Câmara em 30 de setembro, apenas dois dias após o acidente. Após quatro reuniões, o Conselho de Ética optou pela suspensão dos direitos políticos em vez da cassação definitiva do mandato.
Provas contraditórias e investigação policial
As investigações da Polícia Civil identificaram inconsistências nas versões apresentadas pelo casal. Um vídeo circulado nas redes sociais mostrou Bigodini no banco do motorista momentos após a colisão, contradizendo a alegação de que Isabela - que não possui carteira de habilitação - estaria dirigindo.
Durante o atendimento policial, nenhum dos dois se submeteu ao teste do bafômetro, embora autoridades tenham registrado sinais evidentes de embriaguez no vereador. O caso gerou série de acusações mútuas entre o casal ao longo deste ano.
Até o momento, a Justiça não se pronunciou sobre o aceite formal das denúncias contra Bigodini e Isabela. A defesa do casal não se manifestou sobre as acusações, mesmo após contato da EPTV, afiliada da TV Globo na região.