Um tribunal da Argentina determinou a apreensão de 20 propriedades que pertencem à ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner e seus familiares. A medida faz parte da condenação da política por fraude em um esquema de obras públicas que envolveu valores milionários.
Condenação e prisão domiciliar
Cristina Kirchner, uma das figuras políticas mais polarizadoras da Argentina, está em prisão domiciliar desde junho deste ano após ser condenada no caso. A ex-presidente, que governou o país entre 2007 e 2015 e também exerceu cargos de vice-presidente, senadora e primeira-dama, enfrenta ainda um novo julgamento por acusações de suborno em um processo separado.
Segundo o Ministério Público argentino, este é considerado o maior caso de corrupção na história do país. As investigações apontam que Kirchner liderou uma associação criminosa que arrecadou dinheiro de empresários que teriam se beneficiado com a concessão de contratos estatais durante seu período no poder.
O "Caso dos Cadernos"
O julgamento, conhecido como "caso dos cadernos", baseia-se em uma série de anotações supostamente feitas durante anos por um motorista do Ministério do Planejamento. Nos cadernos, eram registrados trajetos, nomes de funcionários, empresários e as quantias de dinheiro que supostamente eram transportadas.
A defesa de Kirchner contesta as evidências, alegando que as anotações foram modificadas em mais de 1.500 ocasiões, com alterações em nomes, datas e endereços. Gregorio Dalbón, advogado da ex-presidente, classificou o caso como "a maior vergonha judicial que a democracia já teve" e afirmou que a sentença contra sua cliente "já está escrita".
Abrangência do processo
O processo envolve um total de 87 réus, incluindo ex-funcionários do governo e dezenas de empresários. Estela León, promotora do caso, descreveu em relatório de outubro que se trata da "investigação de fatos de corrupção mais extensa que já foi realizada na história judicial argentina".
Embora o processo não aponte um valor total desviado, meios de comunicação como o jornal "La Nación" e alguns investigadores estimam que as operações envolveram dezenas de milhões de dólares. Além de Kirchner, irão a julgamento 19 ex-funcionários, dois motoristas e 65 empresários.
As audiências do caso serão realizadas majoritariamente por videoconferência de forma semanal, e espera-se que todo o processo judicial se estenda por pelo menos dois anos até uma decisão final.