
Era para ser mais uma safra de prosperidade no Oeste do Paraná, mas se transformou num pesadelo para dezenas de agricultores. O dono de uma cerealista — aquele que prometia pagamentos em dia e bons negócios — simplesmente sumiu do mapa, deixando um rastro de dívidas que beira os R$ 10 milhões. E olha que não foi por falta de aviso: os primeiros sinais de que algo estava errado começaram a aparecer há meses, quando os cheques começaram a voltar.
Mais de 100 produtores rurais acionaram a Justiça depois de entregarem toneladas de soja, milho e trigo sem receber um centavo. "A gente trabalha o ano inteiro pra no final levar um calote desses?", desabafa um dos agricultores, que prefere não se identificar. O caso já virou tema de investigação policial, mas o empresário — cujo nome a gente até sabe, mas não pode divulgar por questões legais — parece ter evaporado.
O modus operandi
Não foi um golpe sofisticado, mas eficiente. O sujeito operava uma empresa aparentemente sólida, com CNPJ regular e tudo mais. Comprava grãos a preços competitivos, emitia notas fiscais e até pagava as primeiras remessas direitinho. Só que aí, quando conquistou a confiança dos produtores, começou a postergar pagamentos com desculpas criativas: "o banco travou", "o sistema caiu", "a transferência vai sair amanhã". Até que os "amanhãs" se acumularam e ele desapareceu.
Detalhe cruel: muitos agricultores tinham dívidas com insumos e agora enfrentam dificuldades para plantar de novo. "Vendi minha colheita toda pra ele em fevereiro. Até hoje nada", conta outro produtor, visivelmente abalado. A Polícia Civil já emitiu mandado de prisão, mas até agora — pasmem — o cara continua solto por aí.
As consequências
- Prejuízos que variam de R$ 20 mil a R$ 500 mil por família rural
- Dívidas acumuladas com bancos e fornecedores de insumos
- Risco de inadimplência em cadeia no agronegócio regional
- Desconfiança generalizada nas relações comerciais do setor
O Sindicato Rural local está ajudando as vítimas a reunir documentos para a ação judicial coletiva. Enquanto isso, a dica que fica é a de sempre: desconfie de pagamentos atrasados, exija garantias e — principalmente — não coloque todos os ovos na mesma cesta. Ou melhor, todos os grãos no mesmo armazém.