O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a instalação de tornozeleira eletrônica e a proibição de sair do país para o empresário Erik Marinho. Ele é o segundo suplente do senador Efraim Filho (União Brasil-AP) e é acusado pela Polícia Federal de atuar para ocultar e blindar o patrimônio de Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como Careca do INSS, e de outros operadores de um esquema criminoso que desviou bilhões de aposentadorias.
Operação da PF investiga fraude bilionária
A decisão judicial, proferida nesta quinta-feira, 18 de dezembro de 2025, atendeu a um pedido da Polícia Federal. Os investigadores afirmam que Marinho integrava o núcleo empresarial-político de uma organização criminosa especializada em fraudes contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A função do suplente seria justamente esconder e proteger os bens adquiridos com o dinheiro desviado dos beneficiários.
É importante destacar que o senador Efraim Filho não é investigado e nem foi alvo da operação desta quinta-feira. O parlamentar paraibano é citado apenas no contexto da suplência do mandato, sem qualquer atribuição de envolvimento nos fatos. Erik Marinho, por sua vez, nunca chegou a assumir o cargo parlamentar, que teve início em 2023.
Empresa da esposa e jatinho de R$ 2,8 milhões
As investigações revelaram que a esposa de Erik Marinho, Joelma dos Santos Campos, é sócia da empresa Air Connect S/A. Esta companhia é a proprietária de uma aeronave Beech F90, de prefixo PT-LPL, que foi adquirida por R$ 2,8 milhões em janeiro de 2022. Segundo a PF, o Careca do INSS é detentor de cotas neste jatinho.
De acordo com os investigadores, o próprio Careca considerava Marinho uma "parceria jatinho", pois foi ele quem alienou as cotas da aeronave para o pivô do esquema. A representação da PF também contém uma foto em que o senador Weverton Rocha (PDT-MA) – alvo de busca e apreensão na mesma operação – aparece a caminho do mesmo avião, o PT-LPL.
Empresas de fachada para ocultação patrimonial
A Polícia Federal descreve que tanto a Air Connect quanto outra empresa, a FLIGHT WAY S/A, também constituída por Joelma dos Santos Campos, apresentam características típicas de fachada para ocultação de patrimônio. Os pontos levantados são:
- Criação recente das empresas.
- Capital social considerado irrisório pelas autoridades.
- Aquisição de aeronaves de alto valor, incompatível com a capacidade financeira declarada pelas companhias.
Diante das evidências, o ministro André Mendonça não apenas decretou a tornozeleira eletrônica para Erik Marinho, mas também ordenou que ele entregue seu passaporte às autoridades, impedindo qualquer tentativa de deixar o Brasil enquanto as investigações seguem seu curso.
O caso expõe mais uma ramificação do complexo esquema de corrupção no INSS, que continua sendo desmontado pela Polícia Federal e pelo Poder Judiciário, com foco em recuperar os prejuízos causados aos cofres públicos e aos aposentados brasileiros.