Advogada 'Rainha do Sul' presa: colar com iniciais RS e 'Querido' em ouro apreendido
Rainha do Sul: advogada presa com colar de ouro do tráfico

A Polícia Civil da Bahia prendeu em novembro, na cidade de Salvador, uma mulher apontada como um dos nomes mais perigosos do tráfico de drogas na região Nordeste. Poliane França Gomes, conhecida pelo apelido de "Rainha do Sul", é suspeita de manter ligações íntimas com a facção criminosa Bonde do Maluco e de atuar como advogada e esposa de seu líder máximo.

Os símbolos do poder: joias apreendidas contam história

Durante a ação que resultou na prisão da suspeita, os policiais encontraram em sua residência um colar que chamou a atenção pelas suas simbologias. A peça, cravejada em diamantes, exibe as iniciais "RS" – que significam "Rainha do Sul". Mais revelador ainda foi a palavra "Querido", feita em ouro, que é o apelido atribuído ao chefe da facção Bonde do Maluco, Leandro de Conceição Santos Fonseca.

Outro colar de ouro foi apreendido no local, este com a imagem de um leão acompanhada da frase: "muitos nasceram para viver na selva e eu para ser o rei com minha rainha". Os objetos, juntamente com R$ 190 em espécie e uma máquina de contar dinheiro, reforçam as acusações sobre o alto escalão da suspeita dentro da organização criminosa.

Papel estratégico na facção e operação nacional

De acordo com as investigações, Poliane não era uma figura decorativa. A advogada era responsável por funções centrais para a manutenção do crime organizado. A polícia aponta que ela transmitia ordens estratégicas, reorganizava territórios controlados pela facção, articulava cobranças e mantinha a comunicação direta entre os integrantes presos e as lideranças em liberdade.

Seu marido, Leandro Fonseca, o "Querido" ou "Shantaram", está preso desde 2013 no Presídio de Segurança Máxima de Serrinha, a cerca de 190 km de Salvador. A prisão da "Rainha do Sul" foi parte de uma operação de grande porte, que cumpriu 14 mandados de prisão e 25 de busca e apreensão em cinco estados: Bahia, Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná. Três dos alvos já se encontravam presos.

Alvos e prejuízo milionário ao crime

Na Bahia, o foco da operação eram os responsáveis pela contabilidade do tráfico, os gerentes territoriais que comandavam áreas em cidades como Feira de Santana, Lauro de Freitas, Camaçari e Salvador, e os operadores logísticos encarregados do transporte e distribuição de drogas e armas.

O golpe financeiro contra a organização foi significativo. Além das prisões, foram apreendidos R$ 1 milhão em joias de ouro. A Justiça ainda autorizou o bloqueio de R$ 100 milhões em contas bancárias suspeitas de pertencerem ao grupo. Outros bens de luxo, avaliados em mais R$ 1 milhão, tiveram seu uso proibido, incluindo sete veículos, uma moto aquática, um haras com cavalos de raça e uma usina de energia solar.

A prisão de Poliane França Gomes expõe a sofisticação e o poderio econômico de uma facção que atua no Nordeste, destacando a infiltração em profissões de alto nível e o uso de símbolos de ostentação para marcar hierarquia e lealdade dentro do mundo do crime.