Um erro de sistema manteve o nome de um homem preso desde setembro no Paraná na lista nacional dos mais procurados pela Justiça brasileira. A situação só foi corrigida na última quinta-feira (19), após questionamentos da imprensa às autoridades.
Detido em flagrante, mas ainda "procurado"
Tiago Alessandro Alves dos Santos foi preso em flagrante no dia 7 de setembro, conforme informou o Ministério Público do Paraná. O motivo da detenção foi o uso de documentos falsos, e ele responde também por outros crimes.
Apesar de estar sob custódia do Estado há meses, seu nome e foto continuavam a aparecer publicamente no site do Projeto Captura, iniciativa do Ministério da Justiça que lista os criminosos mais procurados do país em uma parceria com os governos estaduais.
A remoção do nome de Tiago da lista ocorreu somente após o portal g1 entrar em contato com o Ministério da Justiça e com o governo paranaense para questionar a incongruência.
Falta de comunicação entre esferas de poder
Procurado para se explicar, o Ministério da Justiça afirmou que os nomes da lista são indicados pelas autoridades estaduais e que não realiza uma validação individualizada da situação processual de cada pessoa listada.
Em nota, a pasta declarou: "A presença de determinado nome na lista pode decorrer de diferentes situações processuais... o MJSP informa que não realiza validação individualizada nem divulgação detalhada da situação processual de cada pessoa listada".
Por outro lado, a Secretaria de Segurança Pública do Paraná e o Departamento de Polícia Penal do Estado negaram ter fornecido os dados de Tiago para inclusão na lista federal. A portaria que rege o Projeto Captura, de 2023, determina que os estados devem comunicar o ministério caso um procurado seja preso, mas aparentemente essa comunicação falhou.
Como funciona a lista de procurados
A lista do Projeto Captura foi criada com objetivos específicos no combate ao crime organizado:
- Divulgar nomes de pessoas cuja prisão é considerada estratégica.
- Auxiliar os órgãos de segurança com base em denúncias da população (por meio dos telefones 190, 197 e 181).
- Contribuir para a redução de crimes graves e violentos.
- Garantir o cumprimento da lei penal (só entra na lista quem tem mandado de prisão em aberto).
Cada estado pode indicar até oito nomes para a lista nacional. Na semana passada, o g1 contabilizou 197 nomes no total. A norma prevê que o ministério pode retirar um nome se tiver "conhecimento inequívoco ou comprovado" da prisão, mesmo sem comunicação formal do estado.
O caso de Tiago Alessandro expõe uma falha na sincronia de informações entre os sistemas de segurança pública estadual e federal. Enquanto um homem cumpria pena, sua imagem ainda era veiculada como a de um criminoso foragido, o que levanta questões sobre a eficácia e a atualização de um instrumento criado para ser ágil e preciso no auxílio às forças de segurança.