A Polícia Civil de São Paulo desencadeou uma operação nesta sexta-feira (19) que resultou na prisão de quatro suspeitos de integrarem uma quadrilha especializada em crimes de sequestro, cárcere privado e roubos. A ação, batizada de "Rastro Final", cumpriu mandados em três cidades paulistas e desvendou detalhes do sequestro do empresário Ronan Franco Muniz, de 44 anos, ocorrido em Ribeirão Preto no último dia 9 de dezembro.
Operação policial e prisões
Cerca de 75 policiais civis de unidades de elite, como o Grupo de Operações Especiais (GOE) e o Departamento de Operações Especiais (Dope), participaram da operação. Foram cumpridos seis mandados de prisão temporária e nove de busca e apreensão nas cidades de Ribeirão Preto, Guarujá e na capital paulista.
Quatro homens foram presos: Angelino Xavier dos Santos Júnior, Alan Oliveira dos Santos Lima, Diego da Silva França e Gabriel Ferreira. Dois outros suspeitos, Pablo Gonçalves de Araújo e Ricardo Luís Sousa dos Santos, permanecem foragidos. Os investigados podem responder por uma série de crimes, incluindo sequestro, roubo majorado e organização criminosa.
Versão falsa do empresário e descoberta do cativeiro
O delegado José Carvalho de Araújo Junior revelou um aspecto curioso do caso: a versão inicial apresentada pelo empresário Ronan Franco Muniz após ser libertado, dois dias após o sequestro, não era verdadeira. "Infelizmente, ele trouxe uma história para a polícia que não é real", afirmou o delegado, atribuindo a narrativa falsa ao estado de nervosismo e às ameaças sofridas pela vítima.
A principal linha de investigação, no entanto, sempre tratou o caso como um sequestro real. As motivações do crime ainda estão sendo apuradas, mas não houve pedido de resgate à família, descartando, por ora, a investigação por extorsão.
A polícia localizou o cativeiro, uma chácara na zona rural de Ribeirão Preto, no distrito de Bonfim Paulista, no dia 11. A descoberta foi possível graças à coleta de digitais no local e ao relato do proprietário, que havia alugado a propriedade para os criminosos. "Uma pessoa [presa] fez o aluguel do cativeiro, e os demais participaram da execução do sequestro", explicou o delegado.
Detalhes do crime e violência sofrida
O sequestro ocorreu por volta das 19h do dia 9, quando o empresário, que atua no ramo de investimentos, estacionava seu carro na Rua Cláudio Scodro, no bairro Bosque das Juritis, zona Sul de Ribeirão Preto. Câmeras de segurança registraram o momento em que duas caminhonetes bloquearam o veículo da vítima.
Quatro homens retiraram Muniz do carro e o levaram em um dos veículos. Uma moradora testemunhou a ação e acionou a polícia. Posteriormente, as duas caminhonetes usadas no crime foram encontradas abandonadas nas zonas rurais de São Simão e Luiz Antônio.
O delegado Fernando Bravo, que também chefia as investigações, detalhou que o sequestro foi marcado por violência e ameaças. A vítima foi mantida presa na chácara até sua libertação. Quando foi encontrado, Muniz estava abalado psicologicamente, mas sem ferimentos físicos aparentes.
A operação "Rastro Final" representa uma etapa importante no desmantelamento da quadrilha, mas as investigações continuam. Novas ações e identificações de outros possíveis envolvidos são esperadas nas próximas fases do inquérito policial.