Operação Camisa 2 prende 50 por maior assalto do RS e tráfico
Polícia prende 50 suspeitos de facção ligada a assalto milionário

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul desferiu um duro golpe contra uma organização criminosa nesta quinta-feira, 18 de junho. A Operação Camisa 2 resultou na prisão de 50 suspeitos investigados por envolvimento no maior assalto da história do estado e por uma extensa rede de tráfico de drogas e homicídios.

Os números da megaoperação policial

Os agentes cumpriram um total de 59 mandados de prisão preventiva e 94 ordens de busca e apreensão. As ações se estenderam além das fronteiras gaúchas, alcançando os estados de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul. O saldo material da ofensiva foi significativo:

  • R$ 84 mil em dinheiro apreendido.
  • 67 kg de maconha e 66 kg de cocaína.
  • Duas armas de fogo, um drone e duas antenas de internet.

Uma das antenas, segundo a polícia, já estava equipada com alças para ser arremessada para dentro do sistema prisional, evidenciando a tentativa de facilitar a comunicação dos detentos com o mundo exterior.

Ligação com o assalto histórico e crimes violentos

A investigação apontou o envolvimento da facção, denominada "A Camisa", no célebre assalto ao aeroporto de Caxias do Sul, ocorrido em 19 de junho de 2023. Na ocasião, R$ 14 milhões foram roubados de uma aeronave, em uma ação executada por um grupo criminoso de São Paulo que culminou na morte de um policial militar.

Um dos líderes da "A Camisa", preso em 18 de junho deste ano, é apontado como participante desse latrocínio. O mesmo indivíduo também esteve envolvido no roubo de um helicóptero em Canela, em 2017, quando o piloto foi rendido e a aeronave foi levada, possivelmente para um plano de resgate de um preso em Charqueadas.

A violência do grupo também se manifestou dentro dos presídios. Outro alvo da operação, com origem no bairro Bom Jesus, em Porto Alegre, foi identificado como um dos responsáveis pela morte de um apenado conhecido como Nego Jackson, em novembro de 2024, na Penitenciária de Canoas (Pecan).

Estrutura do tráfico e alcance financeiro

A célula desbaratada era responsável pela comercialização de drogas na Região Metropolitana de Porto Alegre e no interior do estado. Conforme o delegado Joel Wagner, o grupo atuava em consórcio com outras organizações para trazer as drogas de outros estados, utilizando caminhões registrados em nome de "laranjas" para o transporte pelas cidades fronteiriças.

A movimentação financeira da organização era vultosa. As investigações revelaram que o grupo movimentou mais de R$ 4,2 milhões somente em transferências bancárias e no valor dos entorpecentes comercializados. Entre os presos, está ainda uma figura notória do crime gaúcho: um dos ladrões de carros-fortes mais conhecidos do estado na década de 2000.

A operação também buscou reforçar o isolamento de criminosos já encarcerados. Alguns alvos já estavam no sistema prisional e receberam novos mandados de prisão, uma medida que, segundo a polícia, dificulta que eles sejam soltos pela Justiça.

O diretor de Investigações, delegado Alencar Carraro, enviou uma mensagem clara: "A operação de hoje é mais um recado para a organização criminosa de que a Polícia Civil, através do Denarc, está atenta às ações criminosas". A Operação Camisa 2 marca um capítulo importante no combate ao crime organizado no Rio Grande do Sul, atingindo uma facção ligada a alguns dos episódios criminais mais audaciosos e violentos dos últimos anos.