Operação Octopus desmantela pontos do PCV em Vitória com 9 prisões
Polícia desmantela pontos do PCV na Grande Vitória

A Polícia Civil do Espírito Santo desferiu um duro golpe contra o Primeiro Comando de Vitória (PCV) ao desmantelar dois pontos de venda de drogas que operavam em regiões estratégicas da capital. A ação, batizada de Operação Octopus, expôs a sofisticada estrutura hierárquica da facção e resultou na prisão de nove integrantes.

Estrutura criminosa revelada

As investigações, que começaram em 2023, permitiram aos delegados compreender a dinâmica do tráfico nas áreas controladas pelo PCV. Dois pontos de venda foram mapeados - um no Bairro da Penha, batizado de "Ponto Final", e outro na valorizada Praia do Canto, conhecido como "Praia".

De acordo com o delegado Leonardo Vanaz, que coordenou as investigações pelo Centro de Inteligência e Análise Telemática (CIAT), a operação foi fundamental para desvendar a organização interna do grupo. "Foi uma investigação longa que se iniciou em 2023. A partir dela, conseguimos compreender parte da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas entre os membros dessa facção", afirmou Vanaz durante coletiva realizada na quarta-feira (26).

Hierarquia do crime organizado

No ponto de venda do Bairro da Penha, a polícia identificou uma estrutura bem definida:

  • Yuri de Andrade Bento (Jamaica) - líder responsável pelo ponto e da facção na região
  • Wanderson Maciel dos Santos (WS) - gerente que repassava ordens e organizava a logística
  • Igor Santos de Souza e Leonardo Catarino Fraga (Léo Boy) - responsáveis pelo abastecimento
  • Marcos Vinícius Nunes de Oliveira (Laminha) - encarregado da segurança armada e confrontos

Já na Praia do Canto, uma das áreas mais nobres de Vitória, a boca de fumo operava sob comando do mesmo Yuri de Andrade Bento, com uma equipe de gerentes incluindo João Manoel Xavier Fraga, Karoline Dias do Espírito Santo, Wanderson Maciel dos Santos (WS) e Daniel Pereira Ramos (Tetéia/Balão).

Papel estratégico dos gerentes

Durante a coletiva, o delegado Vanaz explicou a importância dos gerentes na estrutura criminosa. "O gerente é aquele indivíduo que organiza o ponto de venda de drogas. Ele trabalha na logística, no abastecimento. É um membro que tem certa importância porque tem contato tanto com o material quanto com o dinheiro oriundo do tráfico", detalhou.

O delegado enfatizou que a prisão desses integrantes é crucial para enfraquecer a organização. "Indivíduos que atuam nessas funções muitas vezes evoluem na carreira criminosa e se tornam novas lideranças. A prisão deles reduz o âmbito de atuação da facção e aumenta a segurança da população", afirmou Vanaz.

Operação de alto risco

A fase ostensiva da operação ocorreu em 9 de setembro, mobilizando mais de 60 policiais, principalmente no Bairro da Penha. Apesar do histórico violento de alguns alvos, a ação foi concluída sem troca de tiros.

"Era uma operação de alto risco. Muitos investigados já tinham histórico de confrontos com a polícia, mas graças à competência das equipes conseguimos realizar todas as prisões sem nenhum disparo e sem intercorrências", destacou o delegado.

Durante as buscas, foram apreendidos celulares, rádios comunicadores, anotações do tráfico, máquinas de cartão e dinheiro em espécie - material que ajudou a concluir as investigações.

Resultados e próximos passos

O Ministério Público denunciou 29 investigados por organização criminosa e tráfico de drogas. A Justiça decretou 11 prisões preventivas, sendo que nove já foram cumpridas. Dois alvos - Welington e Deildo - permanecem foragidos.

O delegado fez um apelo à população para colaborar com as investigações: "Contamos com apoio da população para qualquer informação que possa ser repassada à polícia ou ao Disque-Denúncia, de forma anônima".

As investigações contra o PCV e outras facções continuam, com o objetivo não apenas de preender, mas garantir a condenação dos envolvidos. "O combate às organizações criminosas tem caráter permanente. Elas repõem membros rapidamente, então nosso trabalho é constante", finalizou Vanaz.