A Polícia Federal (PF) está investigando uma suspeita grave: integrantes de uma organização criminosa, acusados de desviar recursos de aposentadorias e pensões do INSS, podem ter tentado expandir o mesmo esquema fraudulento para dentro da Caixa Econômica Federal. A autorização para apurar essa nova frente de atuação foi dada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça, nesta quinta-feira, 18 de abril.
Nova fase da Operação Sem Desconto é autorizada
A decisão judicial que deu origem a essa nova etapa da Operação Sem Desconto não confirma se os desvios na Caixa de fato ocorreram, nem detalha exatamente como seriam executados. No entanto, o documento revela a existência de trocas de mensagens entre investigados que fazem referência a um suposto “negócio da caixa”. Essa comunicação é um dos indícios que levou a PF a suspeitar da tentativa de replicação do crime.
Segundo a representação da Polícia Federal, citada na decisão do ministro, a articulação entre os suspeitos “indica a expansão do esquema ilícito para além do INSS”. Os crimes, portanto, passariam a envolver outra entidade da administração pública indireta federal, colocando em risco a confiança dos consumidores bancários.
Quem são os investigados no centro das suspeitas?
Dois nomes são apontados como protagonistas dessa tentativa de expansão do esquema. O primeiro é Hélio Marcelino Loreno, suspeito de ser beneficiário direto dos desvios no INSS e que tem ligação com Antônio Carlos Camilo Antunes, o conhecido “Careca do INSS”.
O segundo é Heitor Souza Cunha, funcionário da Caixa Econômica Federal. De acordo com a PF, Cunha integrava o núcleo administrativo da organização criminosa que orbitava em torno de Antônio Carlos Camilo Antunes. Em abril de 2024, ele assumiu o cargo de diretor-executivo da Caixa Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários.
A investigação aponta que Hélio Loreno e Heitor Cunha teriam “participado da concepção de um esquema semelhante ao da fraude previdenciária, mas voltado diretamente aos clientes da Caixa Econômica Federal”.
Medidas cautelares e afastamento de cargo
Nesta quinta-feira, os dois investigados foram alvo de mandados de busca e apreensão na nova fase da operação. Eles não foram presos, mas o ministro André Mendonça impôs medidas cautelares severas: ambos terão que usar tornozeleira eletrônica e estão proibidos de deixar o país.
Além disso, Mendonça determinou o afastamento imediato de Heitor Cunha de suas funções na Caixa Econômica Federal. A decisão também atendeu ao pedido da PF para a instauração de um inquérito específico para investigar as suspeitas de estruturação do esquema de desvios dentro do banco público.
O caso segue sob sigilo e as investigações devem apurar com profundidade a real extensão do suposto esquema e se houve, de fato, prejuízos aos cofres públicos e aos clientes da instituição financeira.