A Polícia Federal (PF) realizou, nesta sexta-feira, 5 de dezembro de 2025, uma grande operação para desarticular uma organização criminosa especializada em migração ilegal para os Estados Unidos. A ação, batizada de Operação Alpha, resultou na prisão de um homem e em mandados de busca e apreensão em cinco endereços.
Esquema criminoso com ameaças e lavagem de dinheiro
De acordo com as investigações, o grupo atuava há tempos e é suspeito de ter facilitado a viagem irregular de pelo menos 220 brasileiros para o território americano. A quadrilha é investigada pelos crimes de promoção de entrada irregular de estrangeiro, ameaça e lavagem de dinheiro.
Os agentes descobriram que a rota utilizada passava por países da América Central, com o México sendo a principal porta de entrada nos EUA. Para isso, a organização contava com os serviços de "coiotes", termo usado no submundo do crime para designar os traficantes e contrabandistas de pessoas que fazem o transporte terrestre pelos países do continente.
Finais trágicos e bloqueio de valores milionários
O lado mais cruel do esquema acontecia no Brasil. Enquanto os migrantes tentavam a vida no exterior, outros integrantes da rede ficavam responsáveis por ameaçar os familiares das vítimas que permaneciam no país. O objetivo era coagir o pagamento pelos serviços ilegais prestados.
Para ocultar a origem ilícita do dinheiro, os criminosos utilizavam contas bancárias em nome de laranjas. A Justiça, com base nas provas apresentadas pela PF, autorizou o bloqueio de R$ 23,7 milhões em bens e valores vinculados ao esquema.
Operações anteriores e vínculos com o narcotráfico
As buscas e prisões ocorreram nas cidades mineiras de Governador Valadares e Itanhomi, além da capital paulista. A região do Vale do Rio Doce, onde Valadares está localizada, não é novata em investigações desse tipo.
Em setembro de 2024, a Operação Expedition já havia mirando uma rede suspeita de enviar cerca de setenta pessoas aos EUA de forma irregular. Essas apurações, por sua vez, surgiram a partir da Operação Reféns, de 2023, que combatia uma organização envolvida com narcotráfico, lavagem de dinheiro, extorsão e agiotagem em Minas Gerais, São Paulo e Espírito Santo.
Segundo a PF, um dos investigados por tráfico de drogas naquela ocasião também atuava recrutando vítimas e direcionando-as para Valadares, de onde partiam clandestinamente rumo aos Estados Unidos.
A operação desta sexta-feira marca mais um capítulo no combate federal a redes complexas que exploram o sonho de uma vida melhor, colocando vidas em risco e alimentando um ciclo de crime organizado transnacional.