PCC ordenou execução de ex-delegado Ruy Ferraz Fontes, diz MP
PCC ordenou execução de ex-delegado Ruy Ferraz Fontes

O ex-delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz Fontes, foi executado a tiros em setembro deste ano no litoral paulista por ordem do alto escalão do Primeiro Comando da Capital (PCC). A informação foi revelada pela denúncia do Ministério Público de São Paulo apresentada na sexta-feira (21).

Motivação do crime

Segundo o documento elaborado pelo Gaeco, grupo especial do MP que atua no combate ao crime organizado, o assassinato foi uma retaliação direta pela atuação profissional de Ruy Ferraz Fontes ao longo de sua carreira. A chamada "sintonia geral" da facção criminosa teria determinado a morte do ex-delegado.

O Ministério Público descartou a hipótese inicial de que o crime pudesse estar relacionado com a gestão do ex-delegado como secretário municipal em Praia Grande. A investigação comprovou que o motivo foi exclusivamente a vingança do PCC pelo trabalho desenvolvido por Ruy no combate à organização criminosa.

Histórico de combate ao PCC

Ruy Ferraz Fontes ingressou na Polícia Civil no início dos anos 1980 e atuou por mais de quatro décadas em unidades estratégicas como Denarc, Dope e Deic. No início dos anos 2000, ele passou a divulgar organogramas da estrutura do PCC e liderou, em 2006, o indiciamento da cúpula da facção, incluindo Marcos Camacho, o Marcola.

A decisão pela execução do ex-delegado não foi recente. Um relatório policial revela uma carta manuscrita apreendida em 2019, na qual a liderança do PCC "cobra a morte de alguns agentes públicos, dentre eles o doutor Ruy Ferraz Fontes".

Os denunciados e o planejamento

O Ministério Público denunciou oito pessoas pela participação no assassinato. Eles devem responder pelos crimes de integrar organização criminosa armada, homicídio qualificado consumado e tentado, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e favorecimento pessoal.

Os denunciados são: Felipe Avelino da Silva (Mascherano); Flávio Henrique Ferreira de Souza (Beicinho ou Neno); Luiz Antonio Rodrigues de Miranda (Gão ou Vini); Dahesly Oliveira Pires; Willian Silva Marques; Paulo Henrique Caetano de Sales (13 ou PH); Cristiano Alves da Silva (Cris Brown); e Marcos Augusto Rodrigues Cardoso (Pan, Fiel ou Penelope Charmosa).

Marcos Augusto Rodrigues Cardoso é apontado como integrante do PCC e ocupava posição central na articulação do crime, atuando como recrutador e organizador do grupo. Ele exercia a função de "disciplina" no bairro do Grajaú, Zona Sul da capital paulista.

A denúncia descreve um planejamento minucioso que incluiu vigilância da rotina da vítima, montagem de uma cadeia logística com imóveis de apoio, carros de fuga e obtenção de armamentos de alto calibre. Os envolvidos mapearam os deslocamentos de Ruy Ferraz e organizaram uma estrutura com múltiplos pontos de apoio em Praia Grande, Mongaguá e na capital paulista.

Câmeras de segurança foram desligadas durante o período da ação criminosa para dificultar a investigação. O crime ocorreu com armamento de uso restrito, em via pública e horário movimentado, colocando outras pessoas em risco.

O Ministério Público afirma que ainda há diligências em andamento para identificar outros possíveis envolvidos e aguarda a análise do Judiciário para o possível recebimento da denúncia e o prosseguimento da ação penal.