Uma megaoperação nacional direcionada ao Grupo Refit, considerado o maior devedor de impostos do estado de São Paulo, cumpriu um mandado de busca e apreensão nesta quinta-feira (27) em Uberaba, no Triângulo Mineiro.
Operação em múltiplos estados
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em conjunto com a Receita Federal, realizou a apreensão de materiais no Bairro Conjunto Margarida Rosa Azevedo. Os documentos recolhidos foram encaminhados para São Paulo, onde a operação está centralizada.
Os 190 mandados judiciais foram cumpridos em cinco estados brasileiros - São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Maranhão - além do Distrito Federal. O Gaeco informou que não divulgará mais detalhes sobre a ação em andamento.
Esquema bilionário de sonegação
A investigação tem como foco suspeitos de integrarem uma organização criminosa ligada ao setor de combustíveis. As autoridades apuram crimes contra a ordem econômica e tributária, além de lavagem de dinheiro.
O Grupo Refit, proprietário da antiga refinaria de Manguinhos no Rio de Janeiro e de dezenas de empresas do ramo de combustíveis, foi o principal alvo da operação. Comandado pelo empresário Ricardo Magro, o grupo é considerado:
- Maior devedor de ICMS em São Paulo
- Segundo maior devedor no Rio de Janeiro
- Um dos maiores devedores da União
O esquema causou um prejuízo estimado em R$ 26 bilhões aos cofres públicos estaduais e federais, segundo os investigadores.
Bloqueios e estratégias de ocultação
O Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos do Estado de São Paulo (Cira-SP) conseguiu congelar na Justiça R$ 8,9 bilhões de pessoas envolvidas no esquema. Paralelamente, a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional obteve na Justiça Federal o bloqueio de bens no valor de R$ 1,2 bilhão da organização criminosa.
As investigações revelaram que as fraudes eram realizadas através de uma complexa rede que incluía colaboradores, holdings, offshores, meios de pagamento e fundos de investimento. Os investigadores identificaram o uso de fintechs e fundos de investimento para movimentar os valores obtidos ilegalmente.
O dinheiro proveniente da sonegação era aplicado em negócios e fundos que davam aparência de legalidade às operações, dificultando significativamente o rastreamento pelos órgãos de controle. Os mandados foram cumpridos contra pessoas físicas e jurídicas ligadas direta ou indiretamente ao grupo.
Até o momento da última atualização desta reportagem, a defesa do Grupo Refit não havia se manifestado sobre as acusações e a operação em curso.