Maior operação do MP-RO desmantela organização criminosa em quatro estados
O Ministério Público de Rondônia (MP-RO) realizou nesta quarta-feira a maior operação de sua história, mirando uma organização criminosa suspeita de cometer crimes graves como extorsão, tortura e desmatamento em larga escala. Batizada de Operação Godos, a ação mobilizou 500 pessoas e cumpriu 50 mandados de prisão temporária em quatro estados brasileiros.
Alcance nacional e valores recordes
A operação se estende por Rondônia, Mato Grosso, Amazonas e Pará, com a Justiça de Rondônia determinando o bloqueio de mais de R$ 2 bilhões em bens dos investigados. Além das prisões, foram cumpridos 120 mandados de busca e apreensão, marcando um recorde tanto no número de investigados quanto nas medidas judiciais adotadas.
Entre os presos está um vereador de Nova Mamoré (RO), cuja identidade ainda não foi revelada pelas autoridades. As investigações começaram em setembro de 2022, a partir de denúncias sobre extorsões na zona rural de Porto Velho.
Modus operandi violento e lavagem de dinheiro
O grupo atuava principalmente em Nova Mutum Paraná, onde obrigava proprietários rurais a entregar parte de suas terras mediante coação. Os criminosos utilizavam armas de uso restrito para intimidar as vítimas e simulavam contratos legais de venda ou cessão, que na realidade eram forjados sob ameaça.
Quem se recusava a ceder às exigências sofria retaliações graves, incluindo ameaças de morte, agressões físicas, destruição de bens, roubo de máquinas e animais. As terras obtidas ilegalmente eram depois vendidas para terceiros, com o dinheiro sendo lavado através de laranjas, empresas de fachada e compra de imóveis.
Os investigados transferiam valores entre múltiplas contas bancárias para dificultar o rastreamento. Entre 2020 e 2025, movimentaram mais de R$ 110 milhões em suas contas, representando depósitos, transferências recebidas e outras entradas de recursos.
Desmatamento em escala colossal
Segundo o MP-RO, a organização foi responsável pelo desmatamento de 25 mil hectares de floresta, área equivalente a 35 mil campos de futebol oficial. Os danos materiais, ambientais e climáticos somam mais de R$ 2 bilhões, valor que reflete a magnitude dos crimes ambientais cometidos.
A operação conta com a colaboração de múltiplas instituições, incluindo polícias dos estados envolvidos, Corpo de Bombeiros Militar de Rondônia, Secretaria de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania de Rondônia (Sesdec), Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia (Sedam), Departamento Estadual de Estradas de Rodagem e Transportes de Rondônia (DER) e o Ministério Público do Mato Grosso.
A Operação Godos representa um marco no combate ao crime organizado na região norte do Brasil, demonstrando a capacidade de articulação interinstitucional para enfrentar organizações criminosas que atuam em múltiplas frentes, desde crimes contra o patrimônio até danos ambientais de grande escala.
