Uma ampla operação policial desencadeada na manhã desta quarta-feira (17) cumpriu 50 mandados judiciais em cinco estados brasileiros, visando desarticular uma complexa organização criminosa suspeita de movimentar cerca de R$ 65 milhões em apenas um ano. A ação, batizada de Operação Colheita, teve como alvo uma rede estruturada para o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro.
Desdobramentos da Operação Colheita
Coordenada pela Polícia Civil da Paraíba em conjunto com o Ministério Público Estadual, a operação mobilizou equipes especializadas. Foram cumpridos 35 mandados de busca e apreensão e expedidas 15 ordens de prisão. Ao todo, 12 pessoas foram presas por mandado e outras duas em flagrante, totalizando 14 detidos. Dois mandados de prisão ainda estão em aberto.
Além das prisões, os policiais apreenderam três armas de fogo, dinheiro em espécie e seis veículos. A Justiça também determinou o bloqueio de bens e valores contra 20 investigados. Conforme explicou o delegado Vitor Melo, responsável pelas investigações, o valor total bloqueado ainda está sendo apurado, pois os bancos devem comunicar os saldos encontrados nas contas dos suspeitos.
Estrutura da rede criminosa e "empresas fantasmas"
As investigações, que tiveram início em 2024, revelaram uma rede sofisticada. A polícia suspeita que o dinheiro de origem ilícita, provavelmente do tráfico de entorpecentes, era canalizado por meio de "laranjas" – pessoas sem renda compatível com os valores movimentados. Os recursos eram então enviados para empresas localizadas na fronteira do Brasil e para criminosos ligados ao tráfico.
O delegado Vitor Melo destacou à TV Cabo Branco que as diligências realizadas em outros estados já começam a mostrar resultados preocupantes: muitas das empresas investigadas são "fantasmas", ou seja, não possuem atividade econômica real, servindo apenas para mascarar a origem do dinheiro.
Abragência nacional e origem das investigações
Os mandados foram cumpridos em diversas cidades de cinco estados, demonstrando a capilaridade do grupo:
- Paraíba: João Pessoa e Campina Grande.
- Bahia: Salvador e Camaçari.
- Mato Grosso do Sul: Campo Grande.
- Santa Catarina: Criciúma.
- São Paulo: São Paulo, Guarulhos, Santo André, Araçatuba e Monções.
O ponto de partida para o desmantelamento da rede foi a prisão de um homem conhecido como "Júnior Pitoco", em dezembro do ano passado. Ele foi detido em um apartamento de luxo na cidade de São Paulo e é suspeito de comandar o tráfico de drogas em comunidades de João Pessoa. Sua captura forneceu informações cruciais que impulsionaram as investigações.
Forças envolvidas e próximos passos
A Operação Colheita contou com a atuação integrada da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), da Unidade de Inteligência Policial (Unintelpol) e recebeu apoio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público.
As investigações continuam para apurar toda a extensão das atividades criminosas, identificar outros envolvidos e rastrear o patrimônio ilícito. A operação representa um duro golpe em uma organização que, em apenas doze meses, conseguiu movimentar dezenas de milhões de reais, evidenciando os grandes lucros e a complexidade operacional do crime organizado ligado ao narcotráfico no Brasil.