Uma nova fase da investigação sobre exploração do jogo do bicho em Arapongas, no norte do Paraná, resultou na identificação de um novo líder da organização criminosa. A ação foi conduzida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) nesta terça-feira (2), por meio do Núcleo de Londrina do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Esquema com plantão mensal e milhões em lucro
De acordo com as investigações, o esquema funcionava com um sistema de rodízio, onde cada envolvido administrava a banca em meses diferentes. Foram identificados 257 pontos de aposta, que geravam um lucro líquido anual de aproximadamente R$ 8 milhões para a organização.
A descoberta do novo líder, cujo nome não foi divulgado, ocorreu após a análise de dispositivos eletrônicos apreendidos em uma fase anterior da operação, realizada em 2020. A perícia revelou a existência de um sócio oculto, que exercia a liderança e o controle financeiro de toda a operação ilegal.
Buscas, apreensões e lavagem de dinheiro
Nesta terça-feira, foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, tanto domiciliares quanto pessoais. As ações ocorreram nas cidades de Arapongas (PR) e Florianópolis (SC).
O MP-PR detalhou que os valores obtidos com o jogo do bicho eram lavados por meio de uma empresa familiar do suspeito identificado como novo líder. Para ocultar a origem ilícita do dinheiro, eram utilizados os nomes de sua esposa e filhos como "laranjas".
Análises do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) apontaram incompatibilidades superiores a R$ 1,2 milhão entre a renda declarada e a movimentação bancária dos investigados em determinado período.
Patrimônio milionário e defesa do ex-vereador
O patrimônio vinculado ao esquema, agora sob sequestro determinado pela Justiça, inclui imóveis de alto padrão, terrenos em condomínios fechados e apartamentos no litoral de Santa Catarina. O principal investigado chegou a possuir duas aeronaves, que também foram apreendidas.
A investigação remonta a 2020, quando foi apurada a suspeita de participação do ex-vereador de Arapongas, Osvaldo Alves dos Santos. Em nota, os advogados de defesa de Osvaldo, Marcos Menezes Prochet Filho e Thiago Mota Romero, afirmaram que seu cliente não foi alvo da operação desta terça e que sua inocência vem sendo comprovada nos processos em andamento. Eles reforçaram que não há qualquer elemento que indique prática de ilicitude por parte do ex-vereador.