MP-PI defende manutenção de 49 postos fechados em operação contra PCC
MP-PI quer manter fechamento de 49 postos ligados ao PCC

O Ministério Público do Estado do Piauí (MP-PI) emitiu um parecer favorável à manutenção do fechamento dos 49 postos de combustíveis interditados durante a Operação Carbono Oculto 86. A decisão ocorre após empresários donos das redes solicitarem a reabertura dos estabelecimentos. O caso agora aguarda a análise final da Justiça.

Risco de combustível adulterado

De acordo com o MP-PI, a reabertura dos postos neste momento representa um risco concreto de comercialização de combustível adulterado. A procuradora-geral de Justiça, Cláudia Seabra, anunciou que será solicitada a prorrogação do prazo para conclusão das investigações, devido ao grande volume de material apreendido que ainda está sob análise pericial.

"O material apreendido é absolutamente robusto, que consubstancia uma atuação firme do Ministério Público. Nós estamos trabalhando diuturnamente, é um grupo de trabalho especializado, juntamente com a polícia", declarou a procuradora-geral. Ela também informou que uma denúncia já foi formulada pelo MP em relação à adulteração de combustíveis, envolvendo alguns dos investigados, e não descartou a deflagração de novas operações sobre o tema.

Esquema bilionário de lavagem

A Operação Carbono Oculto 86 foi deflagrada em 5 de novembro de 2025 e investiga um esquema de lavagem de dinheiro de R$ 5 bilhões ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo as investigações da Polícia Civil, o grupo utilizava postos de combustível, empresas de fachada, fundos de investimento e fintechs para lavar recursos e ocultar patrimônio.

O modus operandi envolvia a importação irregular de produtos da cadeia de combustíveis nos estados do Piauí, Maranhão e Tocantins. Para dificultar a identificação dos verdadeiros beneficiários, os suspeitos usaram laranjas, constituíram fundos e movimentaram valores por meio de fintechs.

Um dos achados da investigação foi a construção de uma distribuidora de combustível na rodovia que liga Teresina a Altos, que teria a função de abastecer outros estados. O imóvel foi interditado.

Alvos e abrangência da operação

Entre os alvos das medidas cautelares estão o empresário Haran Santhiago e outros cinco investigados: Danillo Coelho de Sousa, Moisés Eduardo Soares Pereira, Salatiel Soido de Araújo, Denis Alexandre Jotesso Villani e João Revoredo Mendes Cabral Filho. A Justiça determinou que eles compareçam ao tribunal quando intimados, ficando proibidos de sair de Teresina, mudar de endereço ou se comunicar com os demais investigados.

Os postos interditados estão localizados nas seguintes cidades:

  • Piauí: Teresina, Lagoa do Piauí, Demerval Lobão, Miguel Leão, Altos, Picos, Canto do Buriti, Dom Inocêncio, Uruçuí, Parnaíba e São João da Fronteira.
  • Maranhão: Caxias, Alto Alegre e São Raimundo das Mangabeiras.
  • Tocantins: São Miguel do Tocantins.

A investigação teve início após a venda da rede HD, que possuía dezenas de postos nos três estados, em dezembro de 2023. A polícia descobriu que a rede foi vendida para a Pima Energia e Participações, empresa criada apenas seis dias antes da operação. Além disso, foram identificadas inconsistências patrimoniais, alterações societárias suspeitas, indícios de fraude fiscal e emissão de notas fiscais frias.

Um dado relevante apurado foi o envio de mais de R$ 700 mil por um dos suspeitos para uma empresa citada na operação Carbono Oculto por suas ligações com o esquema do PCC.