Leilão histórico: Justiça vende imóveis de chefão do tráfico em Minas Gerais
Quase três décadas após o confisco, a Justiça de Minas Gerais coloca em leilão dois imóveis que pertenceram a Luiz Fernando Costa, o conhecido Fernandinho Beira-Mar, um dos principais líderes do Comando Vermelho. Os bens localizados em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, serão leiloados nesta sexta-feira, 14 de novembro de 2025, a partir das 13h.
Detalhes dos imóveis em leilão
As duas propriedades ficam localizadas na mesma rua - Conceição Rosa Lima - no bairro Horto, e juntas estão avaliadas em R$ 2,2 milhões. O imóvel de maior valor, estimado em R$ 1,2 milhão, consiste em um prédio com seis apartamentos de dois quartos, todos com garagem.
A segunda propriedade, avaliada em R$ 1 milhão, tem uma história peculiar: após ser confiscada pela Justiça, abrigou o 33º Batalhão da Polícia Militar por pouco mais de dez anos, servindo como base operacional das forças de segurança.
Condições do leilão e andamento
Os lances iniciais equivalem a 50% dos valores estimados dos imóveis, representando uma oportunidade para investidores adquirirem propriedades com descontos significativos. Até as 16h desta segunda-feira, segundo o site oficial do leilão, nenhum lance havia sido registrado.
O edital estabelece que os interessados em participar do leilão poderão fazê-lo através de oferta de lances na modalidade exclusivamente eletrônica, no endereço eletrônico do leiloeiro público oficial. A identificação é obrigatória para participar do processo.
Em caso de não haver lances - situação conhecida como lote deserto - o leiloeiro poderá reabrir prazo de oito dias úteis para novos lances, mantendo o valor mínimo inicialmente estabelecido.
Histórico criminal e confisco dos bens
A Justiça mineira determinou o confisco das propriedades por avaliar que elas foram adquiridas com recursos provenientes do tráfico de drogas, servindo como instrumento para lavagem de dinheiro. A estratégia tinha como objetivo mascarar a origem ilícita dos recursos obtidos através das operações criminosas.
Fernandinho Beira-Mar está preso desde abril de 2001, depois de permanecer foragido desde 1997, quando conseguiu escapar de uma prisão em Belo Horizonte. Sua captura envolveu uma complexa operação conjunta entre polícias brasileiras e autoridades colombianas.
O traficante foi encontrado na Colômbia, em uma área dominada pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), evidenciando as conexões internacionais da organização criminosa que comandava.
O primeiro imóvel foi confiscado em 1996, enquanto o segundo só veio a ser apreendido em 2013, demonstrando a longa batalha judicial para recuperar os bens adquiridos com dinheiro do crime.
Este leilão representa um marco significativo na luta contra o crime organizado no Brasil, mostrando que mesmo após quase trinta anos, o Estado continua perseguindo e recuperando patrimônios ilicitamente adquiridos.