Uma organização criminosa suspeita de comandar um esquema de agiotagem, extorsão e lavagem de dinheiro em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal, foi desarticulada pela Polícia Civil. Os integrantes do grupo são acusados de adotar métodos brutais de tortura e ameaça contra as vítimas, conforme revelado por imagens obtidas pela TV Anhanguera.
Métodos violentos de cobrança
As imagens mostram cenas chocantes de violência. Os criminosos utilizavam um taco de beisebol para espancar devedores e chegavam a apontar armas de fogo para a cabeça das vítimas. As sessões de agressão eram uma prática comum para coagir quem não pagava os empréstimos com juros abusivos.
De acordo com as investigações, entre os presos estão o sargento da PM Herbert Francisco Póvoa, sua esposa, a advogada Tatiane Meireles, e o sargento Miguel Roberto Mendonça. Também foram alvos da operação o policial José Ronan e empresários que atuavam como financiadores do esquema.
Operação "Mão de Ferro" prende suspeitos
A ação policial, batizada de Operação "Mão de Ferro", foi deflagrada na última sexta-feira, 28 de novembro de 2025. Cerca de 80 policiais civis cumpriram mais de 10 mandados de busca e apreensão e nove mandados de prisão. O foco foram o líder da quadrilha, os financiadores e os executores das cobranças violentas.
A polícia informou que a advogada Tatiane Meireles não só atuava na "blindagem jurídica" do grupo, mas também participava ativamente das agressões. Em um dos vídeos, ela aparece espancando um homem em um terreno baldio com o mesmo taco de beisebol que o marido, sargento Póvoa, ostentava em redes sociais.
O casal também gostava de exibir o uso de armas na internet. Em outra gravação, o sargento Póvoa aparece apontando duas armas para um colombiano, enquanto exige que ele peça perdão.
Defesas e posicionamentos oficiais
As defesas dos acusados já se manifestaram. O advogado Reginaldo Paixão, que defende o sargento Miguel Roberto, afirmou ao g1 que seu cliente é inocente e que entrará com um pedido de habeas corpus. Já a defesa da advogada Tatiane Meireles alegou que dados sigilosos, imagens e informações pessoais da cliente foram divulgados indevidamente ao público, em descumprimento a uma ordem judicial de sigilo.
A Polícia Militar do Estado de Goiás emitiu uma nota afirmando que não compactua com desvios de conduta e que adotou as medidas administrativas cabíveis contra os militares envolvidos. A corporação reiterou seu compromisso com a ética e a legalidade, e disse que continua colaborando com as investigações.
A Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Goiás (OAB-GO) também se pronunciou, repudiando com veemência o suposto envolvimento de uma advogada em casos de agressão. A Subseção de Luziânia determinou o afastamento preventivo da profissional de suas funções institucionais e a Seccional informou que instaurará um procedimento ético-disciplinar para apurar os fatos.
Os investigados devem responder por uma série de crimes, incluindo organização criminosa, usura (agiotagem), extorsão e lavagem de dinheiro. O caso segue sob investigação da Polícia Civil de Goiás.