Mulher presa por extorquir homens com falsos programas ostentava luxo no ES
Golpista usava falsos encontros para extorquir e ostentar luxo

A Polícia Civil do Espírito Santo prendeu, na última sexta-feira (12), três pessoas suspeitas de aplicar golpes de extorsão contra homens casados. A operação, batizada de Luxúria, foi deflagrada em Colatina, no Noroeste do estado.

O esquema criminoso de falsos encontros

O grupo era liderado por Camila Francis da Silva, que criava perfis falsos em um conhecido site de acompanhantes. Ela usava fotos de outras mulheres para atrair as vítimas. Após iniciar conversas, Camila coletava informações pessoais, especialmente se os homens eram casados e tinham filhos.

O golpe se concretizava quando ela marcava um encontro presencial e não comparecia. Imediatamente depois, iniciava as ameaças. A suspeita dizia que iria expor todas as conversas para as esposas e familiares das vítimas. Para intensificar o medo, ela chegou a enviar mensagens de texto com foto de uma arma.

Com o temor da exposição, as vítimas transferiam dinheiro para as contas controladas pelo grupo. O delegado responsável, Erick Esteves, revelou um caso em que a ameaça foi cumprida. "Em um dos casos, ela mandou realmente as conversas para a esposa, porque a pessoa não deu dinheiro para ela", afirmou.

Luxo financiado pelo crime: de Dubai a cirurgias plásticas

O dinheiro obtido ilegalmente, estimado em cerca de R$ 600 mil em apenas seis meses, era rapidamente convertido em uma vida de ostentação. Camila exibia nas redes sociais uma rotina de luxo, completamente incompatível com qualquer renda formal.

Entre os gastos identificados pela polícia estão:

  • Viagens internacionais para destinos como Dubai;
  • Viagens nacionais para Maragogi e Jericoacoara;
  • Realização de diversos procedimentos estéticos e cirurgias plásticas;
  • Financiamento de uma cirurgia plástica para a filha.

A polícia divulgou imagens que mostram a transformação física da suspeita após começar a aplicar os golpes. Além de Camila, também foram presos seu marido, Washington Henrique dos Passos, e uma amiga do casal, Wilza de Lima Alves.

Investigação e novas revelações

A investigação começou a partir de uma denúncia em Vila Valério, onde uma vítima relatou ter perdido R$ 30 mil. O delegado percebeu que o modus operandi era o mesmo de relatos em outros municípios. Até a manhã desta segunda-feira (15), o trio permanecia preso, aguardando audiência de custódia.

Durante as buscas, foram apreendidos bens de alto valor, como relógios, óculos e perfumes importados, dinheiro em espécie e um carro avaliado em R$ 120 mil.

Uma revelação chocante da investigação foi que a própria mãe de Washington foi vítima do casal. A polícia acredita que Camila usou o nome da sogra para fazer empréstimos e compras. A senhora chegou a procurar as autoridades para formalizar a queixa.

Outro ponto destacado foi o envolvimento da amiga Wilza. Ela, que é beneficiária do programa Bolsa Família, teria permitido o uso de sua conta bancária para movimentar valores ilegais, mantendo um padrão de vida que não condizia com sua renda declarada.

Este não é o primeiro envolvimento de Camila com a lei. De acordo com a Secretaria de Justiça do ES, ela já havia sido detida em fevereiro de 2016 pelo crime de extorsão e solta em 2020.

A defesa do casal principal informou, em nota, que já está em contato com o delegado e que sua prioridade é acompanhar o interrogatório e ter acesso ao inquérito para entender o escopo exato das acusações. A defesa da amiga Wilza não foi localizada até o fechamento desta reportagem.