
Imagine a cena: uma profissional do Direito, vestindo a toga da lei, transformada em elo de comunicação do crime. Pois é exatamente isso que as investigações apontam no caso dessa advogada mato-grossense — presa em flagrante enquanto supostamente exercia funções que nada tinham a ver com a defesa jurídica de seu cliente.
O esquema, segundo as autoridades, era dos mais ousados. Durante visitas ao Complexo Penitenciário de Aparecida de Goiânia, ela não se limitava a discutir processos ou recursos. Levava e trazia — pasmem — ordens diretas de um detento identificado como integrante de uma das facções mais temidas do país.
Operação fecha cerco sobre "mensageira do crime"
A prisão não foi fruto do acaso. Decorreu de uma investigação minuciosa da Polícia Civil de Goiás, que há semanas monitorava as atividades da advogada. As suspeitas começaram quando agentes perceberam padrões estranhos em suas visitas — a frequência, a duração, e principalmente o conteúdo que saía dali.
"Ela basicamente funcionava como um correio humano", revelou um delegado envolvido no caso, que preferiu não se identificar. "Transformou o direito de defesa em ponte para o crime."
Como o esquema funcionava na prática
O método era simples, quase primitivo, mas eficaz — pelo menos até serem descobertos. A advogada:
- Recebia instruções escritas do detento durante as visitas
- Repassava essas ordens para outros integrantes da facção lá fora
- Trazia respostas e novas diretrizes em visitas subsequentes
- Usava seu status de advogada como "blindagem" para o transporte
Parece roteiro de filme, não? Mas é a pura realidade do crime organizado brasileiro, que se infiltra onde menos se espera.
Advogada nega, mas provas são contundentes
Natural de Rondonópolis, a profissional — cujo nome foi preservado por questões legais — defende-se alegando que apenas cumpria seu papel de defensora. Mas as evidências colhidas pela polícia contam outra história.
Foram encontrados com ela diversos bilhetes contendo orientações claras sobre atividades criminosas. Coisa de mandar fazer isso, organizar aquilo, avisar fulano — um verdadeiro centro de comando móvel.
O detento em questão, diga-se de passagem, não é qualquer um. Está preso desde 2023, condenado por tráfico de drogas e associação ao tráfico, e segue dando ordens de behind das grades como se estivesse na esquina.
O que diz a lei sobre isso?
Bom, a situação é grave — e vai muito além de uma simples violação de conduta profissional. A advogada responde por facilitar a comunicação de organização criminosa, crime previsto na Lei de Organizações Criminosas.
E olha que a pena não é branda: pode chegar a oito anos de reclusão, sem contar os processos éticos que certamente virão na OAB.
O caso escancara uma realidade perturbadora: como as facções mantêm seu poder mesmo com seus líderes atrás das grades. E pior — usando justamente aqueles que deveriam zelar pela legalidade.
Restam muitas questões no ar. Quantos outros "pombos-correio" ainda operam por aí? Até onde vai a ousadia do crime organizado? E o que fazer para frear essa escalada?
Enquanto isso, a advogada aguarda o andamento processual na cadeia — ironicamente, no mesmo sistema prisional que ajudava a burlar.