O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) apresentou denúncia contra 35 pessoas acusadas de fazer parte de uma organização criminosa que atuava em múltiplas frentes. A rede operava em cidades mineiras, incluindo a capital Belo Horizonte, e também em municípios dos estados de São Paulo e Mato Grosso.
Estrutura complexa e crimes graves
De acordo com a denúncia, o grupo praticava uma série de crimes graves, com destaque para o tráfico interestadual de drogas, a posse ilegal de armas de uso restrito e a lavagem de dinheiro. As investigações tiveram início em fevereiro deste ano, após a prisão em flagrante de um homem na cidade de Ituiutaba, no Triângulo Mineiro. Ele foi detido com aproximadamente 40 quilos de maconha.
Esse primeiro evento foi a ponta do iceberg. A investigação revelou uma rede altamente estruturada, com divisão clara de tarefas e funções especializadas. Havia núcleos dedicados à liderança, ao fornecimento das drogas, à distribuição, à logística e ao controle dos pagamentos.
Operação Muro ao Lado desmantela esquema
A denúncia é resultado direto da Operação Muro ao Lado, executada em duas fases: a primeira em 13 de agosto e a segunda em 13 de outubro. Nas ações, a Polícia Civil, com apoio fundamental do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPMG, realizou diversas apreensões.
Foram confiscados grandes quantidades de drogas, armas, celulares e equipamentos utilizados nas atividades ilícitas. No total, estima-se que a organização tenha movimentado cerca de 285 quilos de substâncias ilegais, entre maconha, cocaína, ecstasy e LSD.
Durante as buscas, os agentes também encontraram armamentos de uso restrito e uma grande quantidade de munição em propriedades ligadas aos investigados nas cidades de Uberlândia, Belo Horizonte e Esmeraldas.
Lavagem de dinheiro e envolvimento policial
Um dos aspectos mais destacados pelo Ministério Público foi a sofisticação do esquema financeiro. O grupo movimentou mais de R$ 400 mil em pouco tempo, utilizando dezenas de contas bancárias de terceiros, os chamados "laranjas", e empresas de fachada para dificultar o rastreamento do capital ilícito.
Em trecho da denúncia, a 4ª Promotoria de Justiça de Ituiutaba descreveu a operação como profissional. "O grupo atuava de maneira profissional, utilizando-se de múltiplos aparelhos celulares, sistemas de comunicação cifrada, padronização de preços e procedimentos e, sobretudo, fragmentação sistemática de pagamentos", afirmou o órgão.
A investigação trouxe à tona ainda um dado alarmante: a colaboração de um policial civil lotado em Ituiutaba com a organização. Segundo as apurações, o agente repassava informações sigilosas e atrapalhava operações de prisão e apreensão, facilitando a atuação dos criminosos.
O caso segue sob a análise da Justiça, e os 35 denunciados agora respondem judicialmente pelos crimes atribuídos à extensa e organizada facção criminosa.