Justiça Militar condena 11 PMs por segurança ilegal a delator do PCC
11 PMs condenados por segurança a delator do PCC

A Justiça Militar do Estado de São Paulo proferiu, nesta terça-feira (15), sentença condenatória contra onze policiais militares. Eles foram considerados culpados por prestarem serviço de segurança particular, de forma ilegal, para Vinícius Gritzbach, um delator da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).

O crime e a investigação

O caso ganhou os holofotes após o assassinato brutal de Gritzbach, ocorrido em 2024 dentro do Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado em Guarulhos. A vítima foi alvejada com tiros de fuzil. Imediatamente após o crime, a Corregedoria da Polícia Militar abriu um inquérito para apurar possíveis envolvimentos de agentes da corporação.

A investigação revelou um esquema organizado. Quinze policiais militares, incluindo dois oficiais, se revezavam para proteger o delator. No dia do assassinato, especificamente, quatro PMs atuavam como escolta particular de Gritzbach e de familiares dele, uma prática expressamente proibida pelo regulamento.

O Ministério Público Militar sustentou a acusação de que os policiais integravam uma organização criminosa, uma vez que tinham pleno conhecimento de que trabalhavam para um criminoso que havia confessado seus delitos em acordo com a Justiça.

As condenações e os próximos passos

Do total de 15 acusados, 11 receberam condenação e quatro foram absolvidos. Como as penas aplicadas não superam quatro anos de detenção, os onze PMs que cumpriam prisão preventiva há quase um ano agora têm direito a progredir para o regime semiaberto.

Paralelamente, o processo pelo homicídio em si segue outro caminho. Seis indivíduos respondem na Justiça comum pelo assassinato. Entre eles, três policiais militares, acusados de envolvimento direto no crime, permanecem presos e terão seu caso submetido ao Tribunal do Júri, com data marcada para junho de 2026.

O mandante foragido e as motivações

As investigações apontam que o principal mandante do assassinato continua foragido. A polícia suspeita que seja Emílio Carlos Gongorra, traficante de armas e drogas, que estaria escondido na Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, sob a proteção de líderes do Comando Vermelho (CV), facção rival do PCC em certas regiões.

Os motivos para o crime, segundo as apurações, seriam duplos: uma vingança pela morte de outro traficante e a represália por Gritzbach ter se tornado um delator, colaborando com as autoridades.

Este caso escancarou uma grave conexão entre agentes do estado e o crime organizado, levantando questões urgentes sobre a corrupção e a infiltração dentro das instituições de segurança pública.