Juiz quebra sigilo telefônico em caso de latrocínio de padre em Dourados
Quebra de sigilo no caso do padre assassinado em MS

A investigação sobre o latrocínio que vitimou o padre Alexsandro da Silva Lima, em Dourados (MS), ganhou um novo capítulo com uma decisão judicial. O juiz Ricardo da Mata Reis, da Vara do Juiz das Garantias, Tribunal do Júri e Execução Penal, autorizou a quebra do sigilo de dados telefônicos do religioso e também dos investigados pelo crime.

Decisão judicial para avançar nas investigações

Em despacho assinado no dia 24 de novembro, o magistrado atendeu a um pedido da Polícia Civil e determinou que a perícia nos dados seja realizada pelo Núcleo Regional de Inteligência de Dourados. O laudo com os resultados deve ser apresentado em um prazo de 30 dias.

Na fundamentação da decisão, o juiz Ricardo da Mata Reis afirmou que a medida é essencial para esclarecer o envolvimento dos suspeitos e identificar outros possíveis participantes no crime. Ele destacou que, neste caso, o direito à intimidade não se sobrepõe ao direito da sociedade à segurança.

"[...] o direito à intimidade não se sobrepõe ao direito fundamental da sociedade de se ver protegida contra atos de agressão praticados por terceiros, respeitando-se o valor constitucional outorgado à segurança coletiva em detrimento do particular", escreveu o magistrado em seu despacho.

Suspeitos e detalhes do crime planejado

Até o momento, a polícia identificou cinco jovens como suspeitos de envolvimento no assassinato do padre, que era pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida de Douradina. Leanderson de Oliveira Junior, de 18 anos, e um adolescente de 17 anos estão detidos – o primeiro preso e o segundo apreendido – por participação direta no planejamento do latrocínio.

Outros três respondem ao inquérito em liberdade: dois adolescentes, de 16 e 17 anos, e João Victor Martins Vieira, de 18 anos.

O corpo do padre Alexsandro foi encontrado na tarde do dia 15 de novembro, em uma área de mata no Distrito Industrial de Dourados. Ele estava desaparecido desde a noite do dia anterior. A vítima foi velada e sepultada no dia 16 de novembro.

Cronologia da violência e descoberta

Segundo as investigações, o crime foi premeditado e ocorreu na casa da vítima, na noite de 14 de novembro. O padre foi atacado com golpes de marreta na cabeça e também sofreu facadas no pescoço e no peito. Seu corpo foi depois enrolado em um tapete e deixado em um matagal.

As equipes do Setor de Investigações Gerais (SIG) localizaram o carro do padre com dois homens, que confessaram a autoria do crime. Dentro do veículo, os policiais encontraram objetos pertencentes a Alexsandro, além de uma faca e um martelo, possivelmente usados no assassinato.

Leanderson, um dos detidos, teria guiado os policiais até o local onde havia abandonado o corpo. A polícia apurou que, após o assassinato, ele furtou o carro da vítima e circulou por vários pontos da cidade.

O delegado responsável pelo caso, Lucas Albe Veppo, reforçou que todas as evidências apontam para um crime planejado. A quebra do sigilo telefônico é agora uma ferramenta crucial para a polícia entender a rede de contatos entre os suspeitos e desvendar completamente os motivos e a execução do latrocínio que chocou a comunidade de Dourados e toda a região.