Seis anos após um trágico incidente que resultou na morte de um idoso durante um protesto do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Justiça marcou para 26 de novembro o julgamento do motorista acusado pelo crime. O caso ocorreu em Valinhos, interior de São Paulo, e continua gerando repercussão.
Os detalhes do caso
O fato aconteceu durante uma manifestação do MST na ocupação Marielle Vive, localizada na Estrada do Jequitibá. Conforme registros, Leo Luiz Ribeiro, então com 60 anos, avançou com sua caminhonete sobre um grupo de manifestantes, resultando na morte de Luis Ferreira da Costa, de 72 anos, e ferindo outras cinco pessoas, incluindo um jornalista que registrava o ato.
Na época, aproximadamente 400 pessoas participavam do protesto, sendo que metade do grupo ocupava a estrada, que estava com o trânsito bloqueado no momento do atropelamento. Testemunhas relataram que o motorista estava em alta velocidade quando avançou sobre os manifestantes.
A defesa e a fuga
Após o incidente, Ribeiro fugiu do local, mas foi preso posteriormente em Atibaia (SP), depois que seu veículo foi identificado por meio de vídeos gravados por um ônibus parado durante a manifestação. Em depoimento à Polícia Civil que durou duas horas, o motorista alegou que acelerou por medo, afirmando não ter percebido que havia matado alguém.
Atualmente, Ribeiro responde ao processo em liberdade, após ter sido preso preventivamente inicialmente. Sua defesa enviou nota ao g1 afirmando acreditar "na Justiça Brasileira, sobretudo no Tribunal do Júri" e declarando estar preparada para lutar incansavelmente pelos interesses do cliente.
Adiamento recusado
O Ministério Público chegou a solicitar o adiamento do julgamento devido a uma moção de repúdio aprovada pela Câmara Municipal de Valinhos contra o MST, que, segundo a acusação, poderia influenciar os jurados. No entanto, o juiz responsável pelo caso considerou que a moção "não possui o alcance e a repercussão imaginados pelas partes", mantendo a data original do julgamento.
O processo segue com grande expectativa, marcado para começar às 9h da próxima quarta-feira (26), no Tribunal do Júri de Valinhos. A ocupação Marielle Vive, onde ocorreu o incidente, havia se estabelecido na área em 14 de abril de 2018 e, segundo o MST, abriga cerca de 1 mil famílias.
Luis Ferreira da Costa, a vítima fatal, era morador da ocupação e trabalhava como pedreiro, além de ser aluno de uma escola de alfabetização para adultos mantida no local. O caso continua simbolizando as tensões e conflitos envolvendo movimentos sociais e a questão fundiária no Brasil.