
Numa decisão que pegou muita gente de surpresa — e deixou outros tantos com a pulga atrás da orelha — a Justiça de Minas Gerais negou, nesta terça-feira (20), o pedido de bloqueio de R$ 3 milhões em bens do empresário acusado de atropelar e matar um gari na cidade de Patrocínio. Sim, três milhões de reais.
O caso, que chocou a região do Alto Paranaíba no começo do ano, voltou aos holofotes com mais um capítulo judicial. E olha, não foi nada do que a gente esperava.
Os detalhes que a defesa usou a favor
A defesa do empresário — que segue em liberdade, vale dizer — argumentou, e conseguiu convencer o juiz, que não havia motivo para bloquear os bens. Segundo os advogados, o valor referente à fiança criminal e à reparação de danos já tinha sido depositado em juízo. Ou seja, tecnicamente, a família da vítima já estaria “resguardada”.
Mas aí a gente para e pensa: será? A promotoria, claro, não gostou nada da história. Eles pediram o bloqueio preventivo justamente por temer que o acusado — que tem empresas no ramo do agronegócio — pudesse alienar ou esconder patrimônio antes do fim do processo.
Coisa de filme, só que na vida real.
O crime que abalou uma cidade
Tudo aconteceu em fevereiro. O gari Valdir Freitas, de 45 anos, trabalhava numa rua da cidade quando foi atingido por uma picape. O motorista — sim, o tal empresário — não prestou socorro e fugiu. Sim, fugiu.
Valdir não resistiu. Deixou esposa, filhos, colegas de trabalho. Deixou uma vida simples, de quem acorda cedo pra servir ao próximo — ironia das grandes, não?
O empresário se entregou dias depois, acompanhado de um advogado. Disse que não fugiu por maldade, mas por “pânico”. A defesa fala em “acidente trágico”. A promotoria, em “homicídio doloso”.
E agora, o que acontece?
Com a negativa do bloqueio, o processo segue seu rumo. O juiz entendeu que, por hora, não há risco para a ação de reparação civil — aquela que indeniza a família.
Mas e aí, fica por isso mesmo? A verdade é que a família do gari — e meio Patrocínio — fica naquele misto de revolta e esperança. Revolta pela demora da justiça, esperança de que, um dia, ela chegue. De verdade.
Enquanto isso, o processo criminal contra o empresário continua. Ele responde por homicídio doloso — quando se assume a intenção de matar — e fuga do local do acidente.
O julgamento ainda não tem data marcada. Até lá, a cidade respira o caso. E espera. Sempre espera.