O Tribunal do Júri que julgaria o homem acusado de assassinar a namorada enquanto ela filmava o próprio crime, em Jataí, no sudoeste de Goiás, foi cancelado nesta quarta-feira. A decisão ocorreu após manifestações da plateia presente, incluindo aplausos direcionados ao promotor de acusação, conforme informações da polícia.
Defesa alega pressão sobre os jurados
Os advogados de defesa do réu, Diego Fonseca Borges, abandonaram o plenário e solicitaram a dissolução do conselho de sentença. Eles argumentam que as manifestações do público criaram um ambiente de pressão, comprometendo a imparcialidade necessária para o julgamento. O crime ocorreu em 2023, quando a jovem Ielly Gabriele Alves foi atingida por um tiro disparado pelo próprio namorado.
O momento do homicídio foi registrado em vídeo pela própria vítima, que conversava de maneira descontraída com Diego Fonseca Borges segundos antes do disparo. A defesa, formada pelos advogados Mirelle Gonsalez Maciel e Rodrigo Lustosa, emitiu uma nota oficial explicando a decisão de deixar o local.
"Júri não é espetáculo", afirma advogada
Em entrevista ao g1, a advogada Mirelle Maciel detalhou o ocorrido. Segundo ela, além dos aplausos à promotoria, houve manifestações das testemunhas de acusação muito próximas ao local onde estavam os jurados. "Queremos o julgamento, mas que ele ocorra dentro da lei. Mesmo com a repercussão, o julgamento deve ser respeitado. Júri não é espetáculo", declarou a defensora.
A nota da defesa afirma que as manifestações foram "claramente perceptíveis pelos jurados", contaminando o processo e gerando uma nulidade. O pedido para dissolver o júri foi negado pelo juiz, o que levou a equipe de defesa a se retirar. Eles aguardam agora uma nova data para que o julgamento seja refeito, garantindo todos os preceitos legais.
Acusado alega acidente e prestação de socorro
A defesa de Diego Fonseca Borges reitera, em sua nota, que o ocorrido foi um acidente. Eles afirmam que o réu prestou socorro imediato à vítima e que o vídeo gravado pela própria Ielly demonstraria esse fato, "se ouvido com som". O caso ganhou grande repercussão nacional devido à natureza chocante da gravação.
O g1 entrou em contato com o Ministério Público de Goiás, o Tribunal de Justiça de Goiás e a OAB-GO para obter posicionamentos sobre o cancelamento do julgamento, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. O novo dia para a realização do Tribunal do Júri ainda não foi definido.