Médico condenado por homicídio causa morte em procedimento estético no RJ
Jovem morre em lipoaspiração com médico condenado

A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia contra o médico José Emílio de Brito e a enfermeira Sabrina Rabetin Serri pela morte de Marilha Menezes Antunes, de 28 anos, durante um procedimento estético realizado em setembro deste ano.

Detalhes da tragédia

De acordo com o Ministério Público do Rio de Janeiro, José Emílio de Brito inseriu cânulas que atingiram órgãos vitais da jovem durante a lipoaspiração. Marilha faleceu em decorrência de hemorragia interna e choque hipovolêmico, que evoluíram para falência múltipla dos órgãos, quadro agravado por anemia.

Quando a vítima sofreu uma parada cardiorrespiratória, descobriu-se que não havia desfibrilador no consultório. Embora um aparelho tenha sido encontrado posteriormente no prédio, ninguém da equipe sabia operar o equipamento utilizado para normalizar ritmos cardíacos em casos de arritmia.

Histórico criminal do médico

O caso chama ainda mais atenção pelo passado do médico responsável pelo procedimento. José Emílio de Brito já havia sido condenado por homicídio e respondia a outros dez processos na Justiça, mas continuava exercendo a medicina normalmente.

A enfermeira Sabrina Rabetin Serri, que se entregou à polícia em outubro, é acusada de ministrar sedativos e anestesia sem ter a formação necessária, caracterizando exercício ilegal da medicina.

Tentativa de encobrimento

Os dois réus respondem por homicídio qualificado - por meio que impossibilitou a defesa da vítima - e falsidade ideológica. A denúncia aponta que o médico preencheu a declaração de óbito com causas falsas, indicando broncoaspiração e parada cardiorrespiratória como motivo da morte.

O objetivo seria induzir os familiares a fazer o sepultamento rapidamente, evitando que o corpo fosse enviado ao Instituto Médico-Legal, onde outras possíveis causas do óbito poderiam ser detectadas.

A denúncia também revela que Sabrina tentou coagir uma testemunha para mentir em seu depoimento, aumentando as acusações contra os profissionais.

Outras vítimas

Pelo menos quatro outras pacientes relataram problemas em procedimentos realizados por José Emílio e Sabrina:

  • Uma mulher foi atendida logo antes de Marilha e gritava tanto durante a cirurgia que a enfermeira administrou mais anestésicos
  • Outra paciente teve o procedimento interrompido porque Marilha morreu e acabou saindo da clínica sedada, sem assinar alta
  • Uma terceira vítima realizou três cirurgias em julho e teve sequelas com pontos que inflamaram no pós-operatório
  • Uma quarta mulher berrou de dor durante a cirurgia porque não teve acesso a anestésicos adequados

O caso tramita na 1ª Vara Criminal da Capital e expõe graves falhas na fiscalização do exercício da medicina no Brasil, permitindo que profissionais condenados continuem atendendo e colocando vidas em risco.