A Penitenciária de Marília, no interior de São Paulo, registrou uma tragédia que resultou em oito mortes entre os detentos. O incêndio, que começou no dia 25 de novembro, teve sua última vítima fatal confirmada na noite do último sábado, 30 de novembro, elevando o balanço final.
Detalhes da tragédia e a última vítima
A Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) emitiu um comunicado na segunda-feira, 1º de dezembro, confirmando o óbito. O preso era um dos cinco que ainda permaneciam hospitalizados após o incidente. Com essa confirmação, o número total de mortos chegou a oito. Além das vítimas fatais, doze pessoas ficaram feridas, sendo cinco delas agentes penitenciários.
A identidade da oitava vítima ainda não foi divulgada oficialmente pela SAP. As outras sete vítimas foram identificadas como:
- Doildo Diego Pires, 35 anos
- Wallace Ferreira Dos Reis, 22 anos
- Charles Andrey Souto Silva, 44 anos
- Wender Felipe Maciel, 25 anos
- Matheus Gregorio Da Silva, 22 anos
- Caio Vinicius Oliveira, 25 anos
- Thiago Nascimento De Oliveira, 25 anos
Os corpos das primeiras sete vítimas já foram liberados para as famílias.
Como o incêndio começou
O fogo teve início por volta das 17h do dia 25 de novembro, no setor de inclusão da unidade prisional. De acordo com o registro policial, um detento ateou fogo aos seus pertences pessoais dentro da cela. A fumaça tóxica se espalhou rapidamente pelo local, causando a intoxicação e morte da maioria das vítimas ainda no dia do ocorrido.
Um detalhe crucial do boletim de ocorrência é que o autor do incêndio estava alojado na cela especial do setor de inclusão por motivos de indisciplina. Nesse regime, o preso só pode deixar a cela para atendimentos médicos, banho de sol ou em situações específicas autorizadas. Ainda não foi divulgado qual objeto foi utilizado para iniciar as chamas.
Resgate, atendimento e investigações
Os primeiros a combater as chamas foram os próprios agentes penitenciários, até a chegada do Corpo de Bombeiros e do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Equipes do Batalhão de Ações Especiais Penais (Baep) e da Força Tática também apoiaram as operações de resgate e evacuação.
As vítimas foram distribuídas entre o Hospital das Clínicas, a Santa Casa de Marília e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Norte e Sul, conforme informou a prefeitura municipal. Dois presos receberam alta ainda na madrugada do dia 26 e retornaram à penitenciária. O detento que provocou o incêndio foi socorrido e segue internado no Hospital das Clínicas, sob escolta da Polícia Penal. Todos os servidores intoxicados já tiveram alta hospitalar.
A Polícia Civil registrou o caso como homicídio e lesão corporal e já iniciou o inquérito. Os funcionários da unidade começaram a ser ouvidos no dia 27 de novembro. A perícia esteve no local no dia 26, mas ainda não há conclusões sobre a motivação exata do detento ou sobre possíveis falhas estruturais que tenham agravado a propagação da fumaça.
Posicionamento das autoridades
A SAP informou, em nota, que instaurou um procedimento interno para apurar o caso e que está prestando apoio às famílias dos presos mortos. A Defensoria Pública afirmou que acompanha o caso, aguarda a apuração completa e se coloca à disposição das famílias para acolhimento e medidas jurídicas necessárias. Um defensor esteve na unidade na quarta-feira após o ocorrido. O Ministério Público não se manifestou até o fechamento desta reportagem.
Em entrevista ao g1, Luciano Carneiro, diretor regional do Sindicato dos Policiais Penais de São Paulo, destacou problemas estruturais. Ele afirmou que a unidade opera acima da lotação prevista e que a diretoria e os servidores fizeram tudo para socorrer os internos, o que resultou nos ferimentos dos agentes. "Foi um fato muito triste, muito lamentável", declarou.