Em depoimento exclusivo obtido pelo Fantástico, o influenciador digital Hytalo Santos, preso desde agosto ao lado do marido, Israel Vicente, expressou profundo desespero com as acusações que enfrenta. "Não vou estar livre nunca mais depois do que fizeram com a minha imagem", declarou ele durante a audiência de instrução do processo em que responde por divulgação de pornografia infantil, exploração sexual e tráfico de pessoas.
Defesa do influenciador e alegações do Ministério Público
Durante sua fala à Justiça da Paraíba, Hytalo Santos afirmou se sentir "constrangido" e disse acreditar que está sendo injustamente responsabilizado. Ele sustenta que, na verdade, ajudava os adolescentes que apareciam em seus vídeos de brega funk, que chegavam a milhões de visualizações diárias. "Me dói muito", confessou, negando veementemente a produção de conteúdo pornográfico. "Nunca cheguei a gravar vídeos com cenas pornográficas, nem com cunho sexual", garantiu.
O influenciador argumentou que as coreografias foram mal interpretadas por quem não conhece a cultura das periferias onde cresceu. Ele também detalhou que, em sua casa em Bayeux, na Grande João Pessoa, viviam apenas adolescentes, não crianças, e que os pais acompanhavam a rotina e autorizavam a participação. Sua renda, segundo ele, vinha de publicidade e de uma rifa registrada, negando qualquer lucro com os perfis dos menores.
O caso ganhou força com vídeo viral
O processo contra o casal se intensificou drasticamente em agosto, após o influenciador Felca publicar o vídeo intitulado "Adultização". O material, que discutia a exposição de menores na internet e usou o conteúdo de Hytalo como exemplo, viralizou, acumulando mais de 51 milhões de visualizações. O sucesso do vídeo levou o Ministério Público da Paraíba a pedir a prisão preventiva de Hytalo e Israel, que foram detidos em São Paulo e transferidos para a Paraíba duas semanas depois.
O MP acompanhava o conteúdo do influenciador desde 2020 e já havia solicitado que certas coreografias fossem evitadas. Hytalo declarou ao juiz que retirou vídeos do ar e modificou passos de dança após orientação de uma promotora.
Acusações específicas e desabafo final
A denúncia do Ministério Público é abrangente. Além dos crimes de pornografia infantil, exploração sexual e tráfico humano, a promotoria sustenta que o casal buscava criar imagens sexualizadas das adolescentes. Um ponto citado é uma cirurgia de implante de silicone feita por uma jovem de 16 anos que participava dos vídeos. Hytalo alegou que o procedimento foi legal, realizado após a emancipação da adolescente.
Outra acusação grave é a de influenciar adolescentes a manter relações sexuais, algo que Hytalo negou categoricamente: "Nunca influenciei ninguém a ter relacionamento afetivo". Ao final do depoimento, o influenciador desabafou sobre o estigma que carrega: "Sou visto como pedófilo, sou visto como abusador, sou visto como uma pessoa pervertida".
Além do processo criminal, o casal também é alvo de uma ação trabalhista movida pelo Ministério Público do Trabalho, que os acusa de manter um esquema de exploração sexual em condições análogas à escravidão. A defesa ainda irá contestar essas alegações. O Ministério Público não se pronunciou sobre os pedidos de entrevista referentes ao caso.