A Polícia Civil de Pernambuco concluiu o inquérito que apurou a morte da menina Esther Izabelly Pereira da Silva, de apenas quatro anos. O corpo da criança foi encontrado dentro de uma cacimba, em outubro do ano passado, na cidade de São Lourenço da Mata, região metropolitana do Recife.
Inquérito concluído e indiciamentos
Em coletiva de imprensa realizada na sexta-feira, dia 5, os delegados Diego Jardim e Juliana Bernart detalharam o resultado das investigações. Fernando Santos de Brito, vizinho da família, foi formalmente indiciado pelos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Já Uilma Ferreira dos Santos, sua companheira, foi indiciada apenas pelo crime de ocultação.
Três pessoas chegaram a ser presas preventivamente, mas o irmão de Fernando, Fabiano Rodrigues de Lima, não foi indiciado. A polícia não conseguiu comprovar que ele tinha conhecimento prévio do crime, apesar de ter participado da limpeza do local.
A dinâmica do crime e a busca pela verdade
Os fatos ocorreram no bairro do Pixete. No dia 20 de outubro, a mãe de Esther e outras pessoas estavam bebendo em casa, e Fernando se juntou ao grupo. As crianças, incluindo Esther, saíram para brincar em um campo de futebol próximo. Por volta das 16h, Fernando anunciou que ia comprar cerveja e deixou a residência.
No início da noite, a mãe percebeu o desaparecimento da filha e iniciou buscas com a ajuda de vizinhos. Um dos irmãos da vítima contou que um homem a havia levado e apontou para a casa de Fernando. Ao chegarem ao local, vizinhos encontraram Fernando nu. Ele alegou que havia encontrado uma mulher em um bar e a levado para casa para manter relações sexuais.
O corpo de Esther foi localizado apenas na manhã do dia 21 de outubro, submerso em uma cacimba de aproximadamente 3,7 metros de profundidade, que estava fechada com uma placa de concreto. A descoberta foi feita por um tio da menina, com apoio de bombeiros e moradores.
As evidências e a tentativa de encobrimento
A perícia constatou que a morte foi causada por um traumatismo craniano, uma lesão frontal na testa. A delegada Juliana Bernart explicou que esse tipo de lesão nem sempre deixa grandes vestígios de sangue, mas mesmo assim foram encontradas manchas no piso e nas paredes do quarto de Fernando.
A investigação descartou a hipótese de estupro, pois exames não identificaram lesões genitais na criança. Um preservativo foi achado ao lado do corpo, mas a polícia acredita que foi colocado lá para confundir as investigações.
Uilma, que não estava na casa no momento do crime, foi chamada ao local e, segundo testemunhas e provas periciais, iniciou uma intensa faxina. Ela lavou a casa e pediu ajuda a Fabiano. Em um movimento considerado crucial pela polícia, Uilma ligou para Fabiano na manhã do dia 21, afirmando que um homem teria visto Esther sendo colocada em um ônibus. Após a ligação, ela bloqueou o número do cunhado. Os investigadores veem nesse ato uma tentativa clara de criar uma versão falsa e afastar suspeitas.
A delegada Juliana Bernart relatou que Uilma tinha um relacionamento conturbado com Fernando, tendo se mudado da casa cerca de dois meses antes do crime por sofrer violência doméstica. A polícia acredita que Fernando pediu sua ajuda para ocultar o crime.
Próximos passos e situação dos presos
Com a conclusão do inquérito, o caso foi encaminhado ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). O órgão agora analisa o material e decidirá se oferece denúncia contra os indiciados ou se solicita novas diligências.
Fernando Santos de Brito e Fabiano Rodrigues de Lima estão presos no Presídio de Itaquitinga, penitenciária de segurança máxima. Uilma Ferreira dos Santos cumpre prisão preventiva na Colônia Penal Feminina do Recife, localizada no bairro da Iputinga, Zona Oeste da capital pernambucana.
Até o momento, a motivação para o crime permanece um mistério, pois todos os envolvidos negam qualquer participação. A polícia segue com as investigações para esclarecer todos os detalhes dessa tragédia que chocou a comunidade do Pixete e todo o estado.