Caso Chocante em MT: Mulher de Sargento se Entrega após Enviar R$ 10 mil ao Presidente do TJ
Esposa de sargento se entrega após enviar R$ 10 mil a desembargador

Numa tarde de segunda-feira que prometia ser como qualquer outra em Cuiabá, o caso já turbulento da morte do advogado Rodrigo de Souza deu uma guinada que nem o mais criativo roteirista de suspense seria capaz de prever. Tudo começou – ou melhor, atingiu seu clímax – quando Danúbia Gonçalves, mulher do sargento da PM investigado pelo crime, cruzou as portas da delegacia com uma decisão que ecoaria por todo o sistema judicial mato-grossense.

Mas a entrega dela, veja só, foi apenas a peça final de um quebra-cabeça absolutamente surreal. Horas antes, o presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, desembargador Carlos Alberto Alves da Rocha, recebia uma correspondência no mínimo peculiar. Um envelope. Marrom, comum. O tipo de coisa que chega todo dia. Só que este não era comum nem um pouco – dentro, uma quantia em espécie que faz qualquer um levantar a sobrancelha: dez mil reais.

O que uma coisa tem a ver com a outra? Tudo, aparentemente. A Polícia Civil, que já investigava o sargento Paulo Gonçalves pela suposta autoria do homicídio do advogado, tratou de conectar os pontos rapidinho. A teoria que ganha força nos corredores é de que o dinheiro teria como objetivo, vejam a ousadia, influenciar de alguma forma os rumos do processo. Uma tentativa de comprar influência no topo do Poder Judiciário estadual. Algo tão grave quanto cinematográfico.

A reação do desembargador não poderia ter sido diferente. Ao perceber o conteúdo do pacote, ele não pensou duas vezes – acionou a Corregedoria do tribunal na hora. O caso, que já era grave, subiu instantaneamente de patamar, saindo das ruas de Cuiabá e chegando diretamente ao plenário.

O advogado Rodrigo de Souza foi morto a tiros no último dia 7 de agosto, no Jardim Paulista, zona sul da capital. A motivação? Ainda um mistério. As investigações seguem, mas o principal suspeito, o sargento Paulo, já estava atrás das grades desde o dia 12, cumprindo mandado de prisão preventiva. A entrega da esposa, portanto, joga uma nova e complexa camada sobre toda a trama.

Danúbia não foi acompanhada de nenhum advogado no momento da rendição. Foi direto para a cadeia, onde aguardará o andamento do processo, assim como o marido. O envelope, needless to say, foi apreendido e se tornou a peça-chave de um inquérito que agora investiga possível obstrução da Justiça ou tentativa de corrupção.

O caso expõe, sem dó, as entranhas de um sistema sob pressão. A pergunta que fica, ecoando pelos fóruns e bares da cidade, é: até onde alguém está disposto a ir para alterar os rumos da justiça? O desfecho, esse, ninguém pode prever.