
Imagine ir ao dentista em busca do sorriso dos sonhos e sair com uma bomba-relógio no rosto. É exatamente isso que pode ter acontecido com pacientes de uma profissional em Arapiraca. A situação é tão absurda que chega a ser difícil de acreditar.
A Polícia Civil abriu investigação contra uma dentista — que prefiro nem citar o nome para não dar ibope — suspeita de aplicar silicone industrial em procedimentos estéticos. Sim, você leu certo: o mesmo material usado em vedação de janelas e automóveis.
O que diabos estava acontecendo no consultório?
Segundo as investigações, a profissional oferecia um "tratamento" para preenchimento labial e facial usando essa substância completamente inadequada para o corpo humano. E o pior? Cobrando entre R$ 300 e R$ 500 pela aplicação. Uma verdadeira loteria com a saúde alheia.
Os relatos são preocupantes. Pacientes começaram a sentir dores fortíssimas, inchaços anormais e reações inflamatórias que simplesmente não passavam. Alguns desenvolveram nódulos endurecidos que pareciam pedras sob a pele. Um verdadeiro pesadelo estético e, principalmente, de saúde.
Mas por que isso é tão perigoso?
O silicone industrial contém impurezas e componentes químicos que podem causar:
- Reações alérgicas severas e imprevisíveis
- Migração do material para outras áreas do rosto
- Formação de granulomas e fibroses
- Necrose de tecidos — basicamente, a pele "morre"
- Inflamações crônicas que podem durar anos
E olha, isso é só o começo. Em casos extremos, o problema pode evoluir para uma septicemia, colocando a vida da pessoa em risco real. Não é exagero — é a pura verdade.
A investigação avança
O caso veio à tona depois que o Conselho Regional de Odontologia (CRO) acionou a polícia. Eles receberam várias denúncias — algumas anônimas, outras não — sobre os procedimentos duvidosos. A delegada Bruna Lins assumiu o caso e não está brincando em serviço.
"Estamos apurando todas as denúncias com a seriedade que merecem", afirmou a delegada. O inquérito corre em segredo de justiça, mas as fontes indicam que há pelo menos cinco vítimas identificadas até o momento.
O que me deixa realmente pasmo é que a profissional continuava atendendo normalmente, mesmo com as queixas se acumulando. Até que o CRO suspendeu suas atividades através de uma liminar judicial. Um alívio, mas tardio para quem já foi vítima.
E agora, o que fazer?
Se você desconfia que passou por algo parecido, a recomendação é correr — literalmente — para um profissional qualificado. Procure um dermatologista ou cirurgião plástico de confiança para avaliar os danos. E claro, registre um boletim de ocorrência.
O caso serve como alerta para todos nós: a busca pela beleza não pode custar nossa saúde. Sempre verifique as credenciais do profissional, pesquise sobre os produtos utilizados e, na dúvida, prefira sempre o caminho mais seguro.
Enquanto isso, a investigação segue. A dentista responde por exercício ilegal da profissão e lesão corporal, entre outros possíveis crimes. Uma história que, francamente, parece roteiro de filme de terror — mas infelizmente é a realidade de quem confiou no lugar errado.