
Era uma terça-feira cinzenta quando a vida de um gari foi interrompida a tiros em Belo Horizonte. Agora, o laudo pericial escancara o que muitos já desconfiavam: a pistola que ceifou sua vida é a mesma encontrada meses depois na mansão de um empresário do ramo imobiliário - e isso não é coincidência.
O caso, que parece saído de roteiro de filme policial, ganhou contornos ainda mais sombrios com a revelação. "A marcação balística não deixa margem para dúvidas", afirmou um delegado que pediu para não ser identificado. "São os mesmos sulcos, as mesmas imperfeições no cano."
O crime que chocou a capital mineira
No dia 15 de agosto, por volta das 6h30, o trabalhador municipal foi atingido por três disparos enquanto varria uma rua no bairro Santa Efigênia. Testemunhas ouvidas pela polícia disseram ter ouvido gritos, seguidos pelo ronco de um carro de luxo acelerando. O que parecia um crime banal revelou-se uma teia complexa.
Quatro meses depois, durante uma operação de rotina contra lavagem de dinheiro, a polícia encontrou uma pistola 9mm no cofre do empresário. A princípio, ninguém ligou os pontos - até que um perito mais atento notou algo estranho nas fotos do caso do gari.
O que diz a defesa?
O advogado do empresário, em entrevista coletiva cheia de rodeios, afirmou que seu cliente é "vítima de perseguição política". "Ele comprou essa arma legalmente há anos e sequer lembrava que ela existia", argumentou, enquanto ajustava a gravata pela quinta vez em três minutos.
Já a família do gari - homem de 54 anos que deixou três filhos - não engoliu a história. "Meu pai era um trabalhador honesto", disse a filha mais velha, com lágrimas que falavam mais que palavras. "Queremos justiça, não desculpas esfarrapadas."
O Ministério Público já anunciou que vai pedir a prisão preventiva do empresário. Enquanto isso, nas ruas de BH, os garis fizeram um protesto silencioso - com vassouras cruzadas como espadas medievais. Um símbolo mudo, mas que ecoou forte.