Justiça condena a 29 anos por latrocínio de agiota de 20 anos em Franca
29 anos de prisão por latrocínio de jovem agiota em Franca

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou David Wesley Ferreira a 29 anos e 2 meses de prisão em regime fechado pelo assassinato do jovem Itamar da Silva Cardoso, de 20 anos. O crime, classificado como latrocínio (roubo seguido de morte), ocorreu em abril deste ano na cidade de Franca, interior paulista.

Dívida de R$ 600 que virou R$ 6 mil motivou crime

As investigações do Ministério Público e da Polícia Civil revelaram que a motivação do crime foi uma dívida. David Wesley Ferreira havia feito um empréstimo com a vítima, Itamar Cardoso, que atuava como agiota. O valor inicial ficou entre R$ 400 e R$ 600, mas, por conta dos juros cobrados, a quantia a ser devolvida já havia subido para aproximadamente R$ 6 mil.

De acordo com o pai da vítima, Ismael Cardoso dos Santos, o filho havia juntado cerca de R$ 30 mil por meio de apostas em jogos on-line e passou a emprestar dinheiro a amigos, cobrando juros. "Ele andava com R$ 12 mil, R$ 15 mil em dinheiro vivo no carro", relatou o pai em entrevista.

Assassinato foi registrado por câmeras de segurança

O crime aconteceu na noite do dia 16 de abril, no Jardim Panorama, zona Leste de Franca. Imagens de câmeras de segurança de uma residência na Rua Fernando Barbaglia flagraram o momento da agressão. Nas gravações, é possível ver David se aproximando de Itamar com mais uma pessoa, iniciando uma discussão por volta das 21h40.

O jovem agiota foi retirado do interior de seu próprio carro e esfaqueado. As agressões continuaram na calçada. Os criminosos fugiram com o veículo da vítima, levando R$ 12 mil que estavam escondidos debaixo do banco. Uma bolsa com documentos, celular, anotações de dívidas e até uma caixa de bombons também foi roubada.

Versão do réu e recurso da defesa

Em depoimento à polícia, David Wesley Ferreira, de 28 anos, afirmou que marcou o encontro para explicar que não tinha condições de pagar a dívida. Ele alegou que, durante uma discussão, Itamar o teria esfaqueado primeiro com um canivete na perna, e então ele revidou, desferindo vários golpes com uma faca.

O réu também tentou isentar dois adolescentes que estavam no local, afirmando que sua participação não foi combinada. No entanto, as imagens contradizem essa versão, mostrando a atuação dos menores no crime. A defesa de David já informou que recorreu da decisão, por não concordar com a pena aplicada nem com a qualificação do crime como latrocínio.

Os assassinos se entregaram à polícia duas semanas após o crime. A condenação serve como um novo capítulo no caso que chocou a cidade e expôs a perigosa dinâmica dos empréstimos com juros abusivos e a violência que pode gerar.