
Pois é, o crime também parece que está se modernizando — e de um jeito que ninguém esperava. A delegada Gabriela Chaves, que coordenou a operação, não escondeu o espanto. "Já vi de tudo, mas um esquema desses, com energia limpa... é de cair o queixo", comentou, ainda surpresa com a descoberta.
Numa região árida, longe de tudo e de todos, a plantação ilegal funcionava como uma pequena empresa. Só que, em vez de produtos legais, colhiam-se pés de maconha. Muitos. Mais de seis mil, para ser exato.
O que mais chamou a atenção não foi só a quantidade — já impressionante por si só —, mas a tecnologia por trás de tudo. Placas solares, baterias de alto rendimento, um sistema de irrigação que parecia saído de um manual de agricultura de precisão. Tudo funcionando a pleno vapor, isolado da rede elétrica, claro. Discreto e autossuficiente.
Um negócio que não era brincadeira
Não era uma plantação de fundo de quintal, amadora. A estrutura era complexa, profissional. Estufas, barracões, tudo montado para maximizar a produção. E funcionava. A Polícia Civil estima que o local tinha capacidade para produzir nada menos que meia tonelada de maconha por ciclo. Alguém estava faturando alto — e investindo parte do lucro em infraestrutura.
Dois homens, de 23 e 35 anos, foram surpreendidos durante a ação e acabaram detidos. Agora, respondem por tráfico e associação para o tráfico. A vida fácil, movida a sol e plantas ilegais, chegou ao fim.
Além da plantação toda, os agentes apreenderam uma porção de insumos: fertilizantes, instrumentos para o cultivo e, é claro, a engenhoca toda de energia solar que mantinha a operaçãop funcionando sem levantar suspeitas na conta de luz.
O que isso significa?
Pra além da apreensão em si, que é grande, o caso joga uma luz — solar, no caso — sobre a sofisticação do crime. Eles não estão parados no tempo. Estão inovando, usando tecnologia a favor, buscando formas mais eficientes (e baratas) de produzir.
Uma plantação autônoma energeticamente é muito mais difícil de ser detectada. Sem consumo anormal de energia, sem burocracia com concessionárias... um crime realmente off-grid. Assustadoramente inteligente.
O caso agora segue sob investigação. Será que essa é uma tendência? Alguém imagina quantas outras operações como essa podem estar rolando por aí, escondidas no sertão, debaixo do sol quente do Nordeste?