
Imagine só o que pode percorrer as entranhas escuras do sistema de esgoto de uma cidade grande. Pois bem, em Mauá, na Grande São Paulo, a resposta é mais surreal do que qualquer roteiro de ficção. Uma operação de rotina — dessas que ninguém dá muita bola — revelou um verdadeiro museu subterrâneo de absurdos.
E não, não foi só areia e lixo orgânico. A gente tá falando de coisas que fariam qualquer um coçar a cabeça e perguntar: "mas como foi parar lá?".
O resgate do inusitado
A cena foi surreal. Funcionários da Sabesp, munidos de pás, enxadas e uma dose extra de paciência, puxavam um item mais inacreditável que o outro. Lá das profundezas escuras, saíram:
- Nada menos que sete patinhos de borracha, daqueles de banheira mesmo — será que alguém estava treinando a frota para uma grande enchente?
- Uma churrasqueira elétrica inteira. Sim, você leu direito. Alguém decidiu que o destino final do churrasco seria pelo ralo.
- Um guarda-chuva, ainda em estado razoável, diga-se de passagem. Quem sabe para se proteger de... respingos?
- E como se não bastasse, uma chaleira — porque aparentemente fazer chá no esgoto é a nova moda.
E olha, a lista não para por aí. Teve também garrafas PET (muitas), embalagens de plástico, e até pedaços de madeira. Um verdadeiro festival de "jogou porque não sabia onde botar".
O preço do descaso
Aqui é onde a coisa fica séria — e um tanto quanto frustrante. Todo esse carnival de objetos descartados de qualquer jeito não é só uma curiosidade bizarra. Eles são os vilões silenciosos dos entupimentos e alagamentos que assombram a cidade toda vez que o céu decide desabar.
O chefe dos serviços de esgoto da região, Edson Santos, não escondeu a mistura de espanto e preocupação. "Isso aqui é resultado de anos de maus hábitos", disparou, enquanto olhava para a pilha de itens recuperados. A operação, que durou uns bons dias, precisou interromper o fluxo de esgoto em um trecho crucial da Avenida Portugal para fazer a limpeza geral. Um trabalhão danado, e totalmente evitável.
O pior? Isso não é um caso isolado. Não, não mesmo. Esse ponto específico já é veterano em entupimentos. Todo mês, lá estão os funcionários, fazendo a mesma operação de resgate. É como enxugar gelo, mas com água suja e patos de borracha.
E agora, o que fazer?
A lição que fica — ou que deveria ficar — é dolorosamente óbvia: ralo de pia e vaso sanitário não são lixeiras. Parece básico? Pois é, mas claramente não é. O descarte correto do lixo é a única maneira de evitar esse tipo de cenário digno de filme nonsense.
Enquanto a população não entender que uma atitude individual errada gera um problema coletivo enorme, as equipes da Sabesp vão continuar pescando guarda-chuvas e churrasqueiras no esgoto. E todos nós pagamos a conta, com bueiros entupidos e ruas alagadas.
É um daqueles casos em que o surreal esconde um problema muito real — e muito sério — de educação sanitária e cidadania.