Golpe emocional e financeiro desmontado pela polícia
A Polícia Militar prendeu nesta quarta-feira (19) em Belo Horizonte um homem que se passava por major do Exército Brasileiro e aplicou um elaborado golpe emocional e financeiro contra sua companheira. André Lefon Ribeiro de Souza Martins, de 24 anos, foi detido no apartamento onde morava com a vítima no bairro Nova Suíça, após denúncia anônima sobre ameaças com arma de fogo.
Vida de mentiras descoberta
Em entrevista à TV Globo, a mulher que acreditava estar casada com um militar desabafou sobre a descoberta da farsa. "É bem inacreditável você achar que você está vivendo algo que nunca foi verdade. E simplesmente você não sabe se 1% daquilo era realmente o que ele estava sentindo", relatou a vítima, emocionada.
A mentira começou há pelo menos um ano, quando o relacionamento do casal se iniciou. Há aproximadamente dois meses, André organizou uma cerimônia de casamento completa usando uma certidão falsa. Imagens obtidas pela polícia mostram o casal assinando o documento fraudulento na presença de um homem apresentado como juiz de paz, que na verdade era apenas um amigo dentista do acusado.
"O nosso casamento, que também foi toda minha família, que todo mundo estava lá, que a gente assinou o documento. Então, no final, ter tudo despedaçado na minha frente em poucos minutos foi só muito desesperador", descreveu a mulher.
Prejuízo financeiro e psicológico
Além do dano emocional, a vítima calcula um prejuízo financeiro de pelo menos R$ 50 mil com as mentiras do golpista. O falso major teria convencido a família da mulher a fornecer dinheiro para um suposto curso da Interpol no exterior, que nunca existiu.
"Eu me sinto envergonhada, e a minha família toda está destruída com tudo isso. Só espero que no final tudo dê certo, que a gente tenha nosso psicológico de volta e o nosso dinheiro também", completou a vítima.
Histórico criminal e prisão
Durante a ação policial no apartamento do casal, os agentes encontraram fardas e insígnias oficiais do Exército, além de um revólver que se mostrou falso, destinado apenas para tiros esportivos. André Lefon foi levado para prestar depoimento e, em seguida, encaminhado para o Ceresp Gameleira, onde ficou à disposição da Justiça.
Esta não é a primeira vez que o acusado comete esse tipo de crime. Em 2022, ele foi detido em Varginha, no Sul de Minas, por fingir ser médico. Na ocasião, chegou a falsificar uma publicação do Diário Oficial da União para simular uma promoção nas Forças Armadas.
A polícia ainda investiga a participação do amigo que se passou por juiz de paz na cerimônia de casamento falsa. O Exército Brasileiro emitiu nota informando que o uso indevido de condecorações militares constitui crime previsto no Artigo 172 do Código Penal Militar, e que a instituição repudia qualquer conduta ilícita.