
Um caso extraordinário no Rio Grande do Sul está chamando a atenção de autoridades do sistema de justiça: mais de 20 pessoas no estado estão usando duas tornozeleiras eletrônicas simultaneamente. A situação é tão incomum que até mesmo delegados experientes se surpreenderam com a descoberta.
Duas Tornozeleiras, Dois Processos
A explicação para esse fenômeno curioso está na sobreposição de processos judiciais. Quando um indivíduo responde a mais de um processo criminal em diferentes comarcas, cada tribunal pode determinar o uso do dispositivo de monitoramento sem que haja integração entre os sistemas.
O delegado Fabiano Bordignon, titular da Delegacia de Furtos e Roubos de Caxias do Sul, confirmou ter encontrado seu primeiro caso do tipo. "Nunca tinha visto isso antes", admitiu o policial, destacando a raridade da situação.
Falha no Sistema ou Ausência de Integração?
Especialistas apontam que o problema não está necessariamente na tecnologia, mas na falta de comunicação entre as varas criminais. Como cada processo segue seu curso independentemente, não há um mecanismo que alerte sobre a existência de monitoramento já determinado em outro caso.
A situação levanta questões importantes sobre:
- Eficiência do sistema de monitoramento eletrônico
- Integração entre diferentes comarcas judiciais
- Otimização de recursos públicos
- Eficácia das medidas de controle
Estatísticas Reveladoras
Dados oficiais mostram que o Rio Grande do Sul possui atualmente mais de 2.600 tornozeleiras eletrônicas em uso. Entre esses casos, os mais de 20 indivíduos usando dois dispositivos representam uma porcentagem pequena, mas significativa em termos de falha sistêmica.
O Tribunal de Justiça do RS já está ciente do problema e estuda medidas para resolver essa sobreposição. A expectativa é que seja criado um sistema integrado de monitoramento que evite situações semelhantes no futuro.
Enquanto isso, os "casos de dupla tornozeleira" continuam sendo um exemplo curioso das complexidades e desafios do sistema de justiça criminal brasileiro.