Vídeo secreto mostra sobreviventes de ataque dos EUA sendo mortos em 2ª bomba
Vídeo secreto revela 2ª bomba contra sobreviventes de ataque EUA

Uma gravação completa e inédita de um ataque militar dos Estados Unidos no Mar do Caribe, apresentada a senadores americanos, gerou forte comoção e acendeu o debate sobre um possível crime de guerra. O vídeo mostra dois sobreviventes de um primeiro bombardeio tentando se salvar, agarrados aos destroços de sua embarcação, antes de serem mortos por um segundo ataque ordenado por um almirante.

Detalhes Chocantes do Ataque em 2 de Setembro

O incidente ocorreu no dia 2 de setembro de 2025, mas as imagens que mostram sua real dimensão só foram reveladas a um grupo de senadores dos EUA em uma sessão fechada na quinta-feira, 4 de dezembro. A agência de notícias Reuters obteve acesso a detalhes do conteúdo.

Enquanto o então presidente Donald Trump comemorou publicamente na época o ataque a supostos "narcoterroristas do Tren de Aragua", a filmagem integral conta uma história diferente. Após o primeiro bombardeio, dois tripulantes sobreviveram. Eles aparecem no vídeo, sem camisa e desarmados, visivelmente confusos e agarrados à parte frontal do barco destruído, envoltos em fumaça.

"O vídeo os acompanha por cerca de uma hora enquanto eles tentam virar o barco de volta. Eles não conseguiram fazer isso", relatou uma fonte à Reuters. A dupla, que não portava equipamentos de comunicação visíveis, lutava pela vida em meio aos destroços.

A Polêmica Ordem do Segundo Ataque

Foi durante essa hora de agonia que o almirante Frank Bradley, na época chefe do Comando Conjunto de Operações Especiais, tomou uma decisão fatal. Ele concluiu que os destroços continuavam flutuando devido à presença de cocaína e que, se ficassem à deriva, poderiam ser resgatados.

Para garantir o cumprimento da missão dada pelo Secretário de Defesa, Pete Hegseth, Bradley ordenou um novo ataque. "Era possível ver seus rostos, seus corpos. E então, boom, boom, boom!", descreveu uma testemunha, imitando o som das três munições que atingiram os homens.

Esta ação é o centro da acusação de crime de guerra. A Convenção de Genebra proíbe expressamente atacar pessoas "que se encontrem no mar e que estejam feridas, doentes ou náufragas", determinando o dever de resgatá-las.

Reações no Congresso e a Crise Política

A exibição do vídeo causou profunda preocupação entre os parlamentares. O democrata Jim Himes, congressista por Connecticut, foi contundente: "Qualquer americano que assistir à gravação verá os militares dos Estados Unidos atacando marinheiros náufragos". Ele classificou as imagens como uma das mais perturbadoras de sua carreira.

Do lado republicano, o senador Tom Cotton tentou justificar a ação, alegando que os sobreviventes tentavam "virar um barco carregado de drogas para continuar lutando". Argumento prontamente rebatido por especialistas em direito internacional, como Ryan Goodman, professor da Universidade de Nova York, que questionou como se poderia inferir uma intenção de luta de homens claramente em luta pela sobrevivência.

A crise se aprofunda com a revelação do jornal The Washington Post de que Hegseth teria dado uma ordem verbal para que os militares "matassem todos eles", alegação negada pelo almirante Bradley. A pressão sobre o governo Trump para apresentar bases legais que justifiquem toda a campanha militar no Caribe aumenta. Até o momento, pelo menos 87 pessoas morreram nos 22 ataques realizados na região, segundo o Pentágono.

A Casa Branca se defende afirmando estar em guerra com cartéis de drogas, responsáveis por cerca de 100 mil mortes de americanos por ano. No entanto, juristas apontam que, sem uma declaração de guerra formal aprovada pelo Congresso, tais operações constituem execuções extrajudiciais e violam o direito internacional. A divulgação deste vídeo tornou essa contradição ainda mais evidente e explosiva.