A polícia dos Estados Unidos encerrou uma intensa busca de seis dias ao encontrar morto o principal suspeito do ataque a tiros que chocou a Universidade Brown na semana passada. O corpo de Cláudio Neves Valente, de 48 anos, foi localizado dentro de uma unidade de armazenamento em Salem, no estado de New Hampshire.
Rastro de violência conecta crimes
As investigações apontam que o cidadão português é o responsável pelo ataque ocorrido no último sábado, 13 de dezembro, no prédio de engenharia Barus & Holley do campus da Brown. O atirador invadiu uma sessão de estudos para provas do fim do semestre, resultando em dois estudantes mortos e nove feridos, sendo que seis permanecem internados.
As vítimas fatais foram identificadas como Ella Cook, de 19 anos, e Mukhammad Aziz Umurzokov, de 18 anos. Dois dias após esse episódio, as autoridades também conectaram Valente ao assassinato do professor Nuno F. Gomes Loureiro, de 47 anos, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), morto em sua casa em Brookline.
Investigación sofisticada e descobertas
O chefe de polícia de Providence, Oscar Perez, explicou que evidências em vídeo e denúncias levaram os investigadores a uma locadora de veículos. Lá, cruzaram o nome de Valente com os dados do suspeito. Imagens de câmeras de segurança e o relato de uma testemunha foram cruciais.
O procurador-geral de Rhode Island, Peter Neronha, informou que Valente foi encontrado morto com uma bolsa e duas armas de fogo. Evidências de um carro encontrado nas proximidades corresponderam à cena do crime em Providence. As conclusões iniciais indicam que a morte foi causada por um disparo autoinfligido.
O agente especial do FBI, Ted Docks, destacou a mobilização de aproximadamente 500 agentes na investigação e afirmou que, apesar da descoberta do corpo, muitas perguntas ainda precisam ser respondidas. A promotora federal Leah B. Foley revelou que Valente usava um telefone que "ofuscava" o rastreamento, demonstrando sofisticação para ocultar seus rastros.
Repercussões políticas e histórico do suspeito
O caso gerou repercussão imediata na política de imigração dos EUA. A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, anunciou a suspensão do programa de vistos de diversidade (DV1), pelo qual Valente entrou no país em 2017 e obteve um green card. Ela afirmou que o suspeito "nunca deveria ter sido autorizado a entrar no nosso país".
A presidente da Universidade Brown, Christina Paxson, confirmou que Valente esteve matriculado em um doutorado em física entre o outono de 2000 e a primavera seguinte, sem nenhuma "afiliação ativa atual" com a instituição. A polícia também descobriu que tanto Valente quanto o professor Loureiro haviam estudado na mesma universidade em Portugal no final dos anos 1990.
O FBI havia oferecido uma recompensa de US$ 50 mil por informações que levassem à identificação do atirador, em meio à frustração pública com o ritmo inicial das investigações. A polícia havia pedido paciência e divulgado imagens de um homem mascarado caminhando pelo campus antes do ataque.
