
O que deveria ser um dia comum de trabalho no tribunal de primeira instância de Dürres, na Albânia, transformou-se num pesadelo de proporções cinematográficas. E eu não exagero — a cena que se desenrolou naquela sala de audiências na última terça-feira parece saída de um roteiro de filme policial, só que com consequências reais e devastadoras.
O réu, identificado como 43 anos — imagine só, um homem de meia-idade — estava sendo julgado por homicídio. A ironia cruel? Ele agora é acusado de cometer outro. Durante os procedimentos, num movimento que ninguém — absolutamente ninguém — esperava, o homem sacou uma arma de fogo e disparou contra o juiz.
O momento do caos
Testemunhas descrevem o cenário como algo digno dos piores filmes de terror. O juiz, um profissional respeitado, levou um tiro à queima-roupa. A sala, que momentos antes era palco de formalidades jurídicas, virou um pandemônio. Gritos, correria, o som seco do disparo ainda ecoando nas paredes.
O que se passa na cabeça de alguém para cometer um ato desses? É como se todas as barreiras da civilização tivessem simplesmente desabado naquele instante.
As consequências imediatas
O juiz, tragicamente, não resistiu. Foi levado às pressas para o hospital, mas já chegou sem vida. Uma carreira dedicada à justiça, interrompida pela própria injustiça que combatia. Que contradição dolorosa.
E o assassino? Conseguem acreditar que tentou fugir? Como se fosse possível escapar depois de cometer um crime desses, em pleno tribunal, com dezenas de testemunhas. Foi detido quase imediatamente — obviamente — e agora enfrenta acusações ainda mais graves.
O sistema em choque
A Albânia inteira está em estado de choque. Um ataque desses não é só um crime — é uma facada no coração do sistema judicial. Se nem nos tribunais as pessoas estão seguras, onde estaremos?
O presidente Bajram Begaj soltou um comunicado que misturava indignação e tristeza. "É um ataque covarde", disse ele, com aquela voz grave que políticos usam em momentos de crise. Mas dessa vez, acho que a emoção era genuína.
E o que me deixa mais perplexo: como a arma entrou no tribunal? Será que ninguém revistou o réu? São questões que vão ecoar pelos corredores da justiça albanesa por muito tempo.
Reflexões sobre segurança
Pensando bem, isso me faz questionar — quantas vezes confiamos cegamente na segurança de lugares públicos? Tribunal, aeroporto, shoppings... Achamos que são fortalezas, mas basta um momento de falha para o impensável acontecer.
O Ministério Público já anunciou que vai investigar — como se precisasse anunciar, né? — não só o homicídio em si, mas todas as circunstâncias que permitiram que essa tragédia acontecesse. Alguém, em algum lugar, falhou feio.
Enquanto isso, a comunidade jurídica albanesa está de luto. Colegas do juiz assassinado se reúnem em vigílias, trocam mensagens de desespero nas redes sociais. É como se todos tivessem levado um soco no estômago.
E no meio disso tudo, fica a pergunta que não quer calar: até onde pode chegar a audácia humana? Matar um juiz durante o próprio julgamento — é de uma ousadia macabra que desafia qualquer racionalidade.