O Tribunal Superior de Londres decidiu nesta quinta-feira, 20 de novembro de 2025, que o processo movido pelo ex-piloto de Fórmula 1 Felipe Massa contra a Federação Internacional de Automobilismo (FIA), a Formula One Management (FOM) e o ex-chefe da categoria, Bernie Ecclestone, deve continuar. A decisão representa uma vitória inicial para o brasileiro em sua batalha judicial relacionada ao polêmico título mundial de 2008.
O pedido de arquivamento foi recusado
Os réus no processo haviam solicitado o arquivamento da ação, argumentando que Felipe Massa a moveu tardiamente. Eles também alegaram que erros cometidos pelo próprio piloto e pela equipe Ferrari durante a corrida em Singapura foram os verdadeiros responsáveis pela perda do campeonato.
No entanto, o juiz Robert Jay recusou o pedido. O magistrado considerou plausível a justificativa do ex-piloto para o timing da ação. Massa afirmou que só tomou a iniciativa após uma entrevista de Bernie Ecclestone em 2023, na qual o ex-dirigente admitiu ter conhecimento desde 2008 que o acidente de Nelson Piquet Jr. foi intencional, e que o caso foi abafado para "proteger o esporte". O juiz reconheceu a indução à quebra de contrato e concluiu que a ação tem fundamento para prosseguir.
Os valores e as consequências do processo
Felipe Massa pleiteia uma indenização de 64 milhões de libras esterlinas, o equivalente a aproximadamente R$ 446 milhões. O valor se refere a oportunidades de carreira e receitas que ele alega ter perdido por não ter se tornado campeão mundial.
É importante destacar que, mesmo que Massa vença a ação, a Corte britânica não tem o poder de alterar o resultado oficial do campeonato de 2008. Os cálculos apresentados no processo, no entanto, mostram que, se o Grande Prêmio de Singapura daquele ano fosse anulado, o brasileiro terminaria a temporada com 97 pontos, contra 92 de Lewis Hamilton, tornando-se assim o campeão.
Relembrando o "Crashgate" de 2008
O episódio que está no centro deste processo ficou conhecido como "Crashgate". Durante o GP de Singapura de 2008, Nelson Piquet Jr., então piloto da Renault, bateu deliberadamente seu carro na parede sob ordens da equipe. A batida intencional provocou a entrada do carro de segurança, o que beneficiou estrategicamente seu companheiro de time, Fernando Alonso, que venceu a prova.
Felipe Massa, que liderava a corrida naquele momento, foi forçado a fazer um pit stop em uma condição desfavorável devido à interrupção. A Ferrari cometeu um erro crucial, e o carro de Massa saiu dos boxes com a mangueira de combustível ainda presa, o que o tirou completamente da zona de pontuação. Ao final da temporada, Lewis Hamilton superou Massa por um único ponto, conquistando seu primeiro título mundial.
O escândalo veio à tona publicamente em 2009, quando a Renault foi punida e dirigentes envolvidos receberam suspensões. Contudo, as recentes declarações de Ecclestone reacenderam o caso, dando a Massa um novo argumento legal para buscar reparação na Justiça.