Fraude de cidadania italiana: esquema movimentou R$ 3 milhões
Fraude de cidadania italiana desmantelada pela polícia

Esquema internacional de fraude de cidadania italiana é desmantelado

A polícia italiana desmantelou uma organização criminosa especializada em fraudar comprovantes de residência para facilitar a obtenção da cidadania italiana por brasileiros. A operação foi revelada nesta sexta-feira (28) pela agência de notícias Ansa e expõe um esquema sofisticado que burlava as filas consulares.

Como funcionava a fraude

O esquema operava na pequena cidade de Moggio Udinese, localizada na fronteira entre a Itália e a Áustria. Entre 2018 e 2024, os investigados reconheceram fraudulentamente a residência no município de 84 brasileiros que não moravam na localidade.

Com esses documentos falsos em mãos, os beneficiários conseguiam pular as longas filas dos consulados e obter a cidadania italiana em poucos meses. A legislação italiana facilita o processo quando a pessoa com ascendência italiana decide morar no país europeu.

Segundo as investigações, o esquema era operado por uma mulher albanesa de 61 anos e um homem brasileiro de 54 anos. Eles são acusados de forjar contratos de aluguel, documentos e organizar viagens curtas à Itália para concluir o processo de cidadania.

Valores envolvidos e participantes

Os brasileiros interessados pagavam aproximadamente € 6.000 (R$ 37 mil) por pessoa para obter o comprovante de residência fraudulento. Havia ainda a opção de desembolsar valores adicionais para completar todo o processo sem precisar viajar à Itália.

No total, os operadores do esquema movimentaram mais de € 500 mil (R$ 3 milhões) durante os seis anos de atividade. Seis pessoas foram denunciadas por falsidade ideológica, incluindo servidores públicos que teriam facilitado as fraudes.

Contexto da cidadania italiana

A Itália, como a maioria dos países europeus, reconhece a cidadania por meio do direito do jus sanguinis, ou seja, o direito do sangue. Isso significa que é considerado cidadão quem tem antepassados italianos.

Esta regra difere do direito do jus solis, praticado por quase todos os países das Américas, onde a cidadania é determinada pelo local de nascimento.

Até recentemente, a legislação italiana era mais flexível que a de países como França e Alemanha ao reconhecer a cidadania de pessoas com antepassados distantes que emigraram da Itália. Porém, o governo de Giorgia Meloni restringiu essa possibilidade.

Este não é o primeiro caso do tipo descoberto pelas autoridades italianas. Esquemas semelhantes já foram desmontados no passado, demonstrando a existência de um mercado ilegal em torno da obtenção da cidadania europeia.