Crime de guerra? EUA investigam ordem de Hegseth para ataque no Caribe
EUA investigam ordem de Hegseth por possível crime de guerra

O Secretário de Guerra dos Estados Unidos, Pete Hegseth, tornou-se o centro de uma polêmica internacional após ser acusado de ordenar um ataque que configuraria um crime de guerra durante operações militares no Caribe. A controvérsia ganhou ainda mais destaque quando o próprio Hegseth publicou, no domingo (30), uma montagem irônica utilizando um personagem infantil para zombar das acusações.

A acusação grave e a resposta inusitada

Segundo uma reportagem do jornal The Washington Post, em 2 de setembro, um bombardeio americano atingiu uma embarcação. Quando a fumaça baixou, militares avistaram dois sobreviventes agarrados aos destroços em chamas. Foi então que, de acordo com fontes com conhecimento da operação, Pete Hegseth teria dado uma ordem direta para um segundo disparo com o objetivo de "matar todo mundo". Especialistas em direito internacional afirmam que tal ação, se confirmada, pode caracterizar uma execução extrajudicial, um crime de guerra.

Em resposta às acusações, Hegseth optou por uma postagem nas redes sociais que chamou a atenção pelo tom jocoso. Ele compartilhou uma montagem que mostra Franklin, a tartaruga verde de um desenho infantil, a bordo de um helicóptero atacando barcos com o título "Franklin mira narcoterroristas". A publicação foi vista como uma tentativa de minimizar a seriedade das denúncias.

A reação do Congresso e a investigação em curso

A revelação do Washington Post gerou reação imediata entre políticos americanos, cortando linhas partidárias. Tanto democratas quanto o influente republicano Mike Turner, ex-presidente do Comitê de Inteligência, expressaram profunda preocupação. Em entrevista à rede CBS, Turner afirmou: "Obviamente, se isso ocorreu, seria muito sério, e concordo que isso seria um ato ilegal".

O senador democrata Tim Kaine foi ainda mais direto, declarando à mesma emissora que, se a reportagem for precisa, o ataque "alcança o nível de um crime de guerra". O Congresso dos Estados Unidos já havia iniciado uma investigação sobre os bombardeios ordenados pelo governo Trump no Caribe, e este novo incidente deve intensificar o escrutínio.

Contexto das operações e a pressão internacional

Os ataques a embarcações na região são uma estratégia militar autorizada pelo presidente Donald Trump desde agosto, sob a justificativa de combater cartéis de drogas latino-americanos, acusados de narcoterrorismo. Até o momento, os dados indicam que 20 embarcações foram atacadas, resultando na morte de aproximadamente 80 pessoas. O ataque mais recente ocorreu em 13 de novembro.

No entanto, a campanha militar enfrenta forte repúdio da comunidade internacional. A ONU, através do alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou haver "indícios" de que os ataques são execuções extrajudiciais e já pediu formalmente que os Estados Unidos os interrompam. Além disso, analistas veem a operação como parte de uma estratégia de pressão contra o governo venezuelano de Nicolás Maduro, acusado pelos EUA de liderar o Cartel de Los Soles.

Enquanto Hegseth e o governo Trump defendem a legalidade das ações, citando o combate ao narcoterrorismo, o Pentágono já sinalizou que dará imunidade judicial aos soldados envolvidos nos bombardeios, medida que especialistas veem como uma tentativa de protegê-los de futuras acusações. O desfecho da investigação congressual pode definir novos rumos para esta controversa política de segurança.