O governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, deu um passo significativo na sua política antidrogas e de segurança nesta terça-feira (16). O cartel colombiano Clã do Golfo, considerado o maior produtor de cocaína do país, foi formalmente designado como uma organização terrorista. O anúncio oficial foi publicado no site do Departamento do Tesouro americano.
Crise diplomática e corte de recursos
Esta decisão ocorre em um momento de tensão crescente nas relações entre Washington e Bogotá. Em setembro, os Estados Unidos retiraram da Colômbia a certificação de aliado na luta contra as drogas, uma avaliação anual realizada desde 1986. Essa certificação garantia ao país andino uma ajuda financeira de aproximadamente US$ 380 milhões anuais (cerca de R$ 2 bilhões) para o combate ao narcotráfico.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, um dos líderes mais críticos à escalada militar na região e que já foi alvo de sanções impostas por Trump, vê sua política de paz diretamente afetada. Atualmente, o Clã do Golfo e o governo de Petro mantêm conversas de paz no Qatar, como parte do plano do mandatário para buscar o fim de seis décadas de conflito armado.
Posicionamento político e operações militares
Nos últimos anos, o Clã do Golfo, que também se autodenomina Exército Gaitanista da Colômbia, tem tentado se reposicionar publicamente. O grupo busca ser visto como uma entidade política, similar a outros grupos armados colombianos, o que lhe daria condições especiais em futuras negociações de paz. Apesar disso, continua sendo o principal cartel de tráfico de drogas da Colômbia, utilizando métodos sofisticados como submarinos rudimentares para transportar cocaína pelo Pacífico até a América Central.
Em um comunicado sobre a designação, o chefe da diplomacia americana, Marco Rubio, descreveu o grupo como uma "organização criminosa violenta e poderosa". Ele afirmou que "os Estados Unidos continuarão a usar todas as ferramentas disponíveis para proteger nossa nação e interromper as campanhas de violência e terror".
A medida antiterror coincide com uma ampliação das operações militares dos EUA na região. Desde o início de setembro, sob o comando do chefe do Pentágono, Pete Hegseth, o Exército americano tem como alvo embarcações suspeitas de tráfico no Caribe e no Pacífico. Pelo menos 26 barcos foram destruídos e 95 pessoas mortas nestas ações, acompanhadas por uma enorme mobilização militar que inclui o maior porta-aviões do mundo.
Contexto regional e tensões com a Venezuela
Enquanto a administração Trump reafirma que o objetivo é combater o narcotráfico, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusa os EUA de usarem o pretexto para promover uma mudança de regime em Caracas. A tensão aumentou na semana passada, quando os Estados Unidos capturaram um navio petroleiro na costa da Venezuela.
Especialistas alertam que, se medidas semelhantes se repetirem, a economia venezuelana pode ser asfixiada. O país, que possui as maiores reservas de petróleo do mundo, tem uma economia extremamente dependente da exportação dessa commodity.
Paralelamente, o governo Trump também elevou o nível de alerta em relação ao fentanil. O presidente assinou um decreto que equipara esse opioide sintético potente a uma arma de destruição em massa, colocando-o na mesma categoria de bombas atômicas e armas biológicas ou químicas. A medida foi criticada pelo presidente do México.