Anúncio histórico em meio à escalada de tensões
Os Estados Unidos tomaram uma medida drástica neste domingo, 17 de novembro de 2025, ao anunciar a intenção de classificar o suposto Cartel de los Soles como uma Organização Terrorista Estrangeira (FTO). Segundo o governo americano, o grupo seria liderado pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro.
O anúncio foi feito pelo secretário de Estado Marco Rubio através da rede social X, antigo Twitter. Em sua publicação, Rubio foi enfático ao afirmar que o cartel "corrompeu as instituições governamentais da Venezuela" e é responsável por "violência terrorista e tráfico de drogas para os Estados Unidos e Europa".
Contexto militar e político
A decisão ocorre em um momento de extrema tensão diplomática e militar entre Washington e Caracas. Recentemente, os EUA enviaram uma força-tarefa impressionante para a região do Caribe e Pacífico, incluindo:
- O porta-aviões USS Gerald R. Ford, o maior do mundo
- Destróieres com mísseis guiados
- Caças F-35
- Um submarino nuclear
- Aproximadamente 6.500 soldados
Paralelamente, intensificaram-se os ataques a barcos suspeitos de pertencerem a organizações terroristas na região. De acordo com relatórios, esses confrontos resultaram em 83 mortos, atos que a Organização das Nações Unidas classificou como "execuções extrajudiciais".
Controvérsias e questionamentos
Apesar das acusações graves, analistas internacionais questionam a existência real do Cartel de los Soles. Phil Gunson, especialista da International Crisis Group baseado em Caracas, foi categórico ao afirmar ao jornal The Guardian: "Eles (EUA) sabem que isso não existe".
Gunson explicou que, embora haja militares venezuelanos envolvidos com narcotráfico e o governo conceda impunidade a essas atividades, não há evidências de uma organização estruturada comandada pessoalmente por Maduro. "Não é como se Maduro estivesse no topo dessa pirâmide organizacional dirigindo o tráfico", completou o analista.
Os dados das Nações Unidas também contradizem parte do discurso americano. O Relatório Mundial sobre Drogas de 2025 indica que o fentanil - principal responsável pelas overdoses nos EUA - tem origem no México, não na Venezuela. Além disso, a cocaína consumida pelos americanos vem majoritariamente da Colômbia, Bolívia e Peru.
Reações e consequências
Os EUA oferecem uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à captura de Nicolás Maduro. O presidente colombiano Gustavo Petro também foi alvo de acusações, sendo chamado de "líder do tráfico de drogas" e "bandido".
No final de outubro, o presidente Donald Trump revelou que autorizou a CIA a conduzir operações secretas dentro da Venezuela, aumentando as especulações sobre um possível plano para derrubar Maduro.
Uma pesquisa Reuters/Ipsos divulgada na sexta-feira anterior ao anúncio mostrou que apenas 29% dos americanos apoiam o uso das Forças Armadas para matar suspeitos de narcotráfico sem devido processo judicial. A divisão partidária é evidente: enquanto 58% dos republicanos apoiam a prática, 75% dos democratas são contra.
O cenário atual representa uma das maiores crises diplomáticas recentes entre EUA e Venezuela, com implicações significativas para a segurança regional e as relações internacionais nas Américas.