Miss Universo 2025: Fraude, Crime e Escândalo Abalam Concurso de Beleza
Escândalo no Miss Universo: Donos na Mira da Justiça

O tradicional concurso de beleza Miss Universo se encontra no centro de um dos maiores escândalos de sua história, envolvendo acusações de manipulação de resultados e conexões perigosas com o crime organizado. A eleição da mexicana Fatima Bosch, em 2025, foi apenas o estopim para uma série de revelações que colocam os donos do evento na mira da justiça e mancham irremediavelmente a imagem da competição.

Os Donos na Mira da Lei

A crise ganhou contornos dramáticos com as investigações contra os coproprietários do Miss Universo. De um lado, está o empresário mexicano Raúl Rocha Cantú, investigado pela Procuradoria Geral da República do México por suposta vinculação a uma rede criminosa. As acusações são graves: narcotráfico, tráfico de armas e contrabando de combustível da Guatemala.

Rocha, que comprou 50% do concurso em 2023, é sócio de Bernardo Bosch Hernández, pai da vencedora Fatima Bosch e funcionário da estatal Pemex. Em agosto de 2025, uma procuradora pediu um mandado de prisão contra o empresário, que, no mês seguinte, propôs um acordo de delação premiada. Há ainda suspeitas de que ele infiltrasse a Procuradoria para obter informações sobre as investigações.

Do outro lado, a empreendedora trans tailandesa Jakkaphong Jakratujapit, conhecida como Anne, que adquiriu o Miss Universo em 2023 e vendeu metade para Rocha. Na quarta-feira passada, um mandado de prisão foi emitido contra ela, acusada de fraudar a venda de ações de sua empresa de mídia, que hoje está em recuperação judicial.

Uma Vitória Sob Suspeita e a Revolta das Candidatas

A vitória de Fatima Bosch já era cercada de rumores de armação, que se intensificaram após um diretor tailandês do concurso chamá-la de "burra" por não comparecer a um evento. A coroação parecia uma compensação pela ofensa, mas a trama mostrou-se mais complexa.

O jurado franco-libanês Omar Harfouche renunciou publicamente, declarando Fatima uma "falsa ganhadora". Ele acusou Raúl Rocha de tê-lo pressionado a votar na mexicana porque "seria bom para os negócios", mencionando explicitamente os laços comerciais entre Rocha e o pai da candidata.

A revolta não ficou restrita aos bastidores. Várias misses renunciaram em protesto, incluindo Olivia Yacé, da Costa do Marfim, e Brigitta Schaback, da Estônia, que estavam entre as favoritas. A elas, juntaram-se as representantes de Portugal, França, Noruega, Curaçao e Guadalupe. A Miss Guadalupe fez um desabafo contundente: "Vocês roubaram dinheiro das meninas afrocaribenhas? Deixaram que competissem sabendo que nunca ganhariam?".

Um Concurso Desconstruído e a Sombra do Crime

O escândalo vai muito além de uma simples manipulação de resultados. As investigações apontam que Raúl Rocha estaria lavando dinheiro para duas poderosas facções criminosas mexicanas: a União Tepito e o Cartel Jalisco Nova Geração, conhecido por sua extrema violência. Nesse cenário, o Miss Universo seria usado como uma fachada luxuosa para atividades ilícitas.

O concurso, que já pertenceu a Donald Trump, acumulou outros incidentes em 2025. A Miss Jamaica, Gabrielle Henry, sofreu uma grave queda no desfile e ficou hospitalizada por uma semana. Pior: a Miss Haiti, Melissa Sapini, revelou que a organização culpou a própria Gabrielle pelo acidente, dizendo que ela "não estava prestando atenção".

O que se vê hoje é a desconstrução total de uma instituição global. Em vez de ser superado por uma evolução natural ou por críticas feministas, o concurso foi sabotado por dentro por um "masculinismo criminoso", que usou a beleza e os sonhos das candidatas como moeda para negócios sujos e alianças perigosas. A pergunta que fica é se o Miss Universo conseguirá sobreviver a essa tempestade ou se será simplesmente fechado, vítima de sua própria corrupção.