O Departamento de Justiça dos Estados Unidos tornou público, nesta terça-feira (23), um novo e volumoso conjunto de documentos relacionados às investigações do caso Jeffrey Epstein. O material, que soma aproximadamente 29 mil páginas, inclui uma variedade de itens como fotografias, áudios, registros judiciais, documentos do FBI e centenas de vídeos.
O Conteúdo dos Arquivos e as Menções a Trump
Entre os itens divulgados, estão imagens de vigilância de agosto de 2019, período em que o magnata, condenado por crimes sexuais, foi encontrado morto em sua cela em uma prisão de Nova York. Os arquivos também trazem diversas menções ao ex-presidente Donald Trump. Conforme reportado pelo Washington Post, os documentos mostram que, em 2021, uma intimação foi enviada a Mar-a-Lago, residência do republicano na Flórida, solicitando registros ligados ao processo do governo contra Ghislaine Maxwell, ex-namorada e cúmplice de Epstein no esquema de tráfico sexual.
O material inclui anotações de um procurador-assistente em Nova York que citam o número de vezes que Trump teria viajado no avião de Epstein. Uma dessas viagens, segundo os arquivos, teria contado apenas com Trump, Epstein e uma mulher de 20 anos. Os documentos agora divulgados também reúnem diversas denúncias coletadas pelo FBI sobre um suposto envolvimento de Trump com Epstein e sobre festas realizadas em propriedades dos dois no início dos anos 2000.
É importante ressaltar que os papéis não indicam se essas informações deram origem a investigações posteriores nem se alguma das acusações foi confirmada. Em comunicado, o Departamento de Justiça dos EUA afirmou que há "acusações falsas e sensacionalistas" contra Trump na nova remessa, sem fornecer mais detalhes.
Fotos com Crianças e a Sequência das Divulgações
Esta é a segunda leva de documentos liberada em poucos dias. A primeira remessa, divulgada na semana passada, incluiu centenas de fotografias de Epstein ao lado de celebridades e figuras conhecidas, como o ex-presidente democrata Bill Clinton e os cantores Mick Jagger e Michael Jackson. Trump, porém, quase não apareceu nesse primeiro lote.
Desta vez, entre os arquivos divulgados, surgiram fotografias de Jeffrey Epstein com crianças. Acredita-se que as crianças nas imagens sejam ainda mais novas do que as menores que eram regularmente contratadas pelo magnata, adicionando uma camada ainda mais sombria ao caso.
A divulgação ocorre devido a uma nova lei que obriga que todo o registro da investigação, com algumas exceções, seja tornado público. No entanto, a primeira leva de documentos, liberada na sexta-feira (19), foi alvo de críticas por conter muitas páginas e fotografias censuradas com tarjas pretas. A oposição, vítimas de Epstein e até membros do Partido Republicano manifestaram insatisfação.
Reação de Trump e o Contexto Político
Na segunda-feira (22), Donald Trump falou pela primeira vez sobre o caso desde o início das divulgações. Ele argumentou que muitas pessoas se "encontraram inocentemente" com Epstein. Sobre Bill Clinton, que apareceu nas primeiras fotos, Trump disse: "Eu gosto do Bill Clinton. Eu sempre me dei bem com o Bill Clinton. Fui gentil com ele, ele foi gentil comigo. Odeio ver fotos dele vazando, mas é isso que os democratas, principalmente democratas e alguns republicanos ruins, estão pedindo, então eles também estão divulgando minhas fotos."
A liberação contínua dos arquivos mantém o caso Epstein no centro do debate público e político dos Estados Unidos, levantando novas questões sobre a extensão da rede do criminoso e as conexões de figuras poderosas com suas atividades ilícitas.